Brasil é um país de contrates, concentrações e assimetrias.  Os governos  de todas as esferas  não a população um quadro de controle e verificação de suas ações e dados. Jornalistas, estudiosos, unidades de governo e a inteligência empresarial garimparam dados para construir cenários estratégicos ou mesmo medir o desempenho comparativo sobre desempenhos anteriores. Um balanço mensal, trimestral e semestral deveria ser oferecido à população para sua conscientização. Dados padronizados e publicados em formato e linguagem compreensível na internet. Vemos uma dezena de empresas de pesquisa que captam informações básicas, recheiam de interpretações e as vendem para privilegiados.

O governo deveria uniformizar o mínimo do fossem necessário para um cidadão comum conseguir posicionar-se sobre desempenho. Avaliar e conhecer se o governo está em boa direção ou não. O balanço seria um local onde conheceríamos como andamos nos gastos planejados versus o realizado. O balanço seria dirigido ao público cidadão. Os públicos: empresa e institucional não seria alvo, mas se beneficiaria da disponibilização. No fundo caberia ao Congresso esta coleta e formatação. Não é o legislativo o poder fiscalizador? Talvez devêssemos exigir dos partidos de oposição preencher os dados e divulgá-los. Há condições e tempo para isto. Falta interesse político? Não creio. “É ovo de Colombo”. Quem sair na frente pode ganhar margem de ganho em credibilidade.

Qual seria o papel do jornalismo? Creio que possuem condições de mapear e oferecer est quadro de desempenho comentado. Poderiam ganhar dinheiro quando tratar a informação. Leio dois jornais diários, duas revistas semanais encontro dispersão. Procuro concentração e correlação. As informações estão disponíveis. Não realizam a oportunidade em reuni-las.  Podem estar dispersas em dias diferentes ou matérias espalhadas no mesmo caderno. Os veículos não sintetizam. Jorram informações. Perdem em não transformar em proposta de inteligência. Erro editorial.

Considero a má informação o pior dos impasses brasileiros. A informação tratada, organizada, frequente, uniformizada propõe avaliação e controle de qualquer cidadão. Há um esforço do governo neste sentido: disponibilizar informações das entidades e seus contratos. É pouco. Precisamos de dados confortados, interpretados Disponibilizados de forma integral sem senha de acesso. O mundo público esconde suas mazelas. Onde? Nos contratos de construção, reforma, compras de produtos e serviços. Nas contratações de partidários a aliados para preencher  cargos em comissão. Quantos são? Quanto paga? Quais unidades demandam? Quais as condições de preenchimento?

Quanto custaria a formulação e divulgação deste balanço. Quase nada. Esforço de inteligentes servidores da Receita Federal e de alguns ministérios. O mesmo poderia ser adotado nos órgãos correspondentes para a esfera estadual e municipal.

Relatórios semelhantes deveriam ser emanados dos poderes judiciários e do legislativo para nosso conhecimento e avaliação. As notícias estão sempre dispersas. Não conseguimos sintetizar. Por quê? Porque não interessa aos titulares explicar o que fazem. Afinal acreditam que são nossos donos. Pagamos impostos para servi-los.

Ronaldo Bianchi

Neste artigo, abordaremos os riscos de processos não desenhados e mal ou não auditados. Os erros, equívocos e desvios são recorrentes em organizações que não aprendem com as mazelas de sua história. Não há fórmula mágica para solucionar problemas de desvio de conduta que não seja a eterna observância inteligente dos processos, resultados e desempenhos. Portanto, sistemas de detecção de sintomas assimétricos devem acionar formas de verificação. Porém, a melhor forma de evitar desvios será contratar talentos que sejam honestos, comprometidos e competentes para todas as funções da organização. Nada fácil, não é?

Vejam como as coisas acontecem, são exemplos reais de desvios na recepção, armazenamento e verificação de estoques.

1. A recepção de matéria-prima de uma empresa envolvia a pesagem de caminhões em balança não eletrônica (não havia balança eletrônica na época). Um dos fornecedores da matéria-prima descobriu que o balanceiro trabalhava sozinho na cabine de balança, e pior, percebeu que sua conduta era negligente (permitia que o motorista e os ajudantes entrassem na cabine). Essa vulnerabilidade permitiu que esse fornecedor aplicasse o “golpe do imã”. Enquanto o balanceiro ajustava a régua da balança para confirmar o peso e imprimir o bilhete de pesagem, um dos ajudantes “aplicava” um “pacote” na cabeça da régua, que continha em sua parte superior, um poderoso imã e na inferior, plaquetas de chumbo. Essa “operação” permitia ao fornecedor, transformar sete em oito toneladas do material que entregava. Esse roubo foi descoberto através de uma denúncia formal. O tio desse fornecedor era seu concorrente. Sabendo da trama e querendo afastá-lo da empresa, o denunciou.

A empresa conseguiu medir o prejuízo causado e, por meio de uma operação policial competente, aprisionou o larápio. Para fugir do processo, quitou o prejuízo presumível da empresa. Essa ocorrência comemorou 30 anos, porém fica o registro de que em todo o processo que envolva recepção de matéria-prima deve estar descrito a forma de recepcionar, pesar e descarregar a carga.

2. A matéria-prima da empresa poderia ser abrigada em um pátio ao ar livre, apesar das intempéries não prejudicavam qualidade do processo de fabricação. Esse fato parecia isento de falhas e economizava o prédio para o seu armazenamento. Ledo engano. Como o pátio se limitava com a rua, um dos funcionários conseguia desviar alguns quilos de matéria prima diariamente durante o terceiro turno (22h00 às 05h00). Os dez quilos diários rendiam 200 quilos/mês ou 2.400/ano. Esse desvio foi descoberto por acaso, quando outro funcionário viu o primo do ladrão carregando o produto do furto num carrinho de pedreiro. Denunciado, foi preso em flagrante. Porém, a empresa nunca descobriu a quantia que lhe foi roubada. Ficou a lição de que cerca não é muro, e o estoque deve ser abrigado em lugar visível, protegido e controlado.

3. Uma cadeia de pequenas lojas não seguiu o princípio da segregação das funções, a gerente mantinha-se distante das verificações de estoque e pagamentos, e a auditoria interna era terceirizada e nunca auditou os 20 maiores fornecedores. O caso é o seguinte: determinada funcionária recolhia mensalmente as informações das vendas em consignação, calculava o montante a pagar de cada fornecedor e enviava as informações ao financeiro para efetuar o pagamento. Acontece que dos 20 maiores fornecedores, cinco deles eram falsos. A referida funcionária conseguira burlar o sistema de controle, introduzindo nomes, dados e estoques falsos. Como conseguiu? Mantendo relações íntimas com o funcionário da empresa de software.

A contrapartida da intimidade foi o destravamento do sistema de checagem dos saldos, estoques e vendas. A fraude só foi descoberta porque a ambiciosa funcionária licenciou-se por motivo de saúde, porém antes que se ausentasse, efetuou a última operação, acreditando que sua substituta não fosse descobrir a trama. O prejuízo da rede de lojas foi de R$ 400 mil durante três anos de desvios e nunca foi recuperado. A ex-funcionária foi demitida por justa causa, julgada e condenada. A empresa de auditoria foi processada, mas conseguiu se eximir da evidente incompetência. Qual o fim das empresas? Por diversos motivos, as duas primeiras empresas não existem mais, uma faliu e a outra fechou. A rede de quatro lojas transformou-se em um único ponto de venda.

Fica a lição de que não há organização sadia sem um mapa de risco, equipe comprometida e sistemas a serem auditados com competência.

Ronaldo Bianchi

O atual modelo da representação partidária afeta negativamente o processo eleitoral. A formação de pequenos partidos sem representatividade não aumenta a capacidade democrática. Não atinge setores ou interesses não representados em outras agremiações. Causa confusão. Propõe abrigar interesses difusos. Ensejam motivações eleitoreiras, onde a intenção está em confundir o eleitorado do que esclarecê-lo ou representá-lo. São partidos criados para barganhar, alugar seu plantel. Ao fatiar o eleitorado obtém recursos para seus caciques, sem proporcionar um avanço na representatividade eleitoral. A consequência deste modelo é a desqualificação democrática. Porque precisamos de 32 partidos? Toda a eleição as siglas PCs coligam-se com PT. Não querem abrir concorrência. São satélites de partidos mais poderosos e representativos, só isto. Há uma distorção nesta proposta. Ganham cadeiras no legislativo, consequentemente aumentam seus segundos para TV aumentando seu poder de barganha para a próxima campanha eleitoral. O processo estaria muito melhor representado com uma linha de corte.

A partir desta distorção o processo leva a coligações. Ao final o vencedor precisa fatiar os cargos públicos para pagar o apoio. Custa caro ao Brasil. Na verdade precisaríamos de no máximo quatro partidos. Haveria mais transparência, menor custo e maior representatividade.
Examinem as composições para acomodar o número atual de agremiações. Quantos cargos e unidades são criados para esta função. A manobra invariavelmente empobrece a gestão da atividade pública. Precisamos de ministério da pesca? A falta de foco e o números excessivo de cargos beneficia corriolas. A fuga orçamentária para a inutilidade é fatal para a nação. Somos pobres, somos muitos, somos carentes. Precisamos somar atividades e diminuir cargos. É um produto onde o menos será mais.

Se há distorções no modelo de formação partidária o cenário se agrava quando analisamos a sua representatividade. O modelo atual é desproporcional. Sessenta e seis por cento da população vive no sul e sudeste. Não representa proporcionalmente o número congressual. A representação paulista urge em ser ampliada como a acreana reduzida. O voto de um acreano vale trinta e duas vezes a de um paulista.

Outra distorção. Não nos convence a atual forma de eleição proporcional para as câmaras municipais e federais, como as assembleias estaduais. Deveríamos a muito tempo exigir o modelo distrital. A razão é simples. A conduta do representante distrital é muito mais visível. O trabalho legislativo é muito mais importante. O legislador precisa dar explicações ao seu distrito. Morar no distrito, viver o distrito. A forma proporcional seria garantida pela equidade da representação no senado. O papel do senado é trabalhar a favor da federação, representando o seu Estado. Dentro do senado não há proporcionalidade. A representatividade não se realiza na proporção, mas na qualificação do é importante para cada unidade federativa. Acredito que dois senadores por estado seriam suficientes.

Dentro desta série não como evitar a reforma da representação política. A ausência de equilíbrio de nossa representação adia o crescimento econômico e desestabiliza a democracia.

Ronaldo Bianchi