egocentric

Quando se trata de rotular empresários ou executivos muitos analistas e colunista de negócios criam metáforas. “Fulano de tal é fera”. “O cara é animal”. Quando no coletivo alguns os tratam como portadores de instintos selvagens. São metáforas. Beiram a fantasias. Na maioria das vezes são pessoas que projetam sonhos e os transformam em realidades. O que os diferenciam? Muitas coisas. Postura frente à adversidade, conhecimento técnico sobre o assunto que trabalha. Modelos e processos decisórios. Capacidade de agregar times, pessoas com talentos apropriados para aquele momento, agregar financiadores, projetar visões e coragem, muita coragem. Uns mais centralizadores outros menos. O que define o empresário que deu certo não é necessariamente a sua conta bancária. Este pode ser um dos critérios, mas não necessariamente o melhor. Entendo que um empresário de sucesso é aquele que levou o seu negócio do ponto inicial até a passagem para seus sucessores. Fato raro. Os movimentos econômicos e as oscilações da cadeia de negócios são tão exigentes e mutáveis que nada está seguro. Qualquer vacilada, pronto o castelo se desmancha. Muitos não passam de castelos de areis ou de cartas.

O que mais leva ao fracasso empresarial? Para mim em primeiro lugar é o ego. O personagem acredita que tendo um sucesso, não percebe que pode ser temporário. Acredita que pode ser definitivo e permanente. Além disto, pensa que poderá replicar a mesma fórmula em outros projetos e indefinidamente. Hoje sabemos que não pode ser deste jeito. O que nos leva a crer que a leitura da mudança da realidade não é lida na velocidade necessária. Ocorre um retardamento perceptivo. Os fatores de sucesso em determinado setor foi alterado, inventaram-se novas formas de fazer ou servir que não foram absorvidos pelas empresas. O líder pode até ter percebido, mas a cultura da organização resistirá a reconhecer a necessidade de mudança. Neste caso nem sempre os mesmo companheiros deveriam seguir a “viagem”. Precisariam ser desligados. Caso contrário às mudanças necessárias não se realizarão. O caso mais comum é o líder não acreditar que a realidade mudou. Pior ainda quando o seu ego é alimentado pelos milenares “puxa sacos”. Aqueles que independentemente do que se apresenta o chefe sempre tem razão. Estes são o mais comuns dos cenários. No final todos sucumbem de uma forma ou de outra.

O sucesso mesmo ocorre quando o empresário se dá conta que aquele negócio já era. Precisa partir para outra. Assim se faz com que valores e riquezas não sejam destruídos. Vejam o caso do Abílio Diniz. Reinventou-se diversas vezes. O seu ego não o cegou. Dizem o que não lhe falta é um ego inflado. Ele é um sucesso. Conseguiu pegar um negócio pequeno e torná-lo um dos líderes do setor. Empregou muita energia para que uma revenda de mercadoria se tornasse uma empresa de expressão nacional. Porém manteve o foco. Não ficou pululando. Não precisou de ajuda governamental, não foi ou será uma concessão pública.

Em primeiro lugar não se incomode com os fracassos. Faça deles um aprendizado. Tenha foco, perseverança, atitude, escolha colaboradores adequados, procure conhecimento técnico e exerça seu senso de oportunidade. Como saber a hora de entrar, avançar, recuar ou sair, pode fazer a diferença entre o sucesso ou o fracasso empresarial. Portanto, o sucesso é um estado de espírito.

Ronaldo Bianchi