Em dado momento dos anos 70, o ensino das expressões culturais deixou de ser relevante na escola formal. As aulas de educação artística, onde a música era o ícone, foram paulatinamente sendo suprimidas em termos de horas-aula até a sua exclusão.

Cabe a reflexão. Seria falta de professores? Seria uma atitude política para os alunos não “pensarem” muito, pois vivíamos numa ditadura?

Por que será que não reiniciamos o ensino de arte nas escolas após o regime militar? Afinal passaram-se 23 anos. Relembrando, o período democrático atual, que vai de 1986 até os nossos dias, equivale em tempo à ditadura, transcorrida de 1964 a 1985. O que fizemos? Não dá mais para debitar aos militares o desprezo pelas artes, não é?

Neste período democrático, a Secretaria do Estado da Cultura (fundada em 1979, em pleno regime militar) criou a Escola Tom Jobim, em 1990, e o Projeto Guri, em 1995; dinamizou as Oficinas Culturais (criadas em 1983, no Governo de Franco Montoro); e possibilitou à Orquestra Sinfônica instituir a sua academia de ensino em 2007.

A Secretaria da Educação será obrigada, por lei, a implantar o ensino musical nos próximos anos.

Teremos professores para atender a obrigação legal?

O fato real é o atraso: não conseguimos implantar de forma permanente o ensino de teatro, música e dança. Acredito que esse será o maior desafio dos próximos anos, seja na esfera do nosso Estado, seja na esfera federal.

Por que ensinar essas práticas?

Os jovens precisam aprender pelo menos essas três expressões artísticas pelos seguintes motivos:

1 – Exercem nos jovens o processo de desinibição;
2 – Ampliam o ensino de repertório;
3 – Aceleram a sociabilidade e respeito ao próximo;
4 – A sua prática contínua desenha o sentimento de realização e sucesso.

O Governo de São Paulo entregará, até novembro 2010, nove fábricas de cultura na periferia de São Paulo (leia a relação ao final deste artigo), para que os jovens dessas regiões possam desenvolver esse conhecimento.

Esperamos que eles:

1 – Estejam preparados, no futuro, para encontrar um destino promissor nas profissões que abraçarem;
2 – Sejam líderes de suas comunidades;
3 – Sejam melhores pessoas em seus relacionamentos;
4 – Estejam credenciados para enfrentar seus desafios com serenidade, foco e auto-estima.

Todas as escolas públicas deste país deveriam estar equipadas para o desenvolvimento da arte, aperfeiçoamento em música, teatro e dança. Será o maior desafio da área da Cultura e da Educação para com a sociedade brasileira e seus cidadãos.

Abaixo a relação das localizações das fábricas de cultura (5 mil m² cada uma):

Jaçanã;
Capão Redondo;
Cidade Tiradentes;
Sapopemba;
Cachoeirinha;
Distrito São Luiz;
Itaim Paulista;
Vila Curuçá;
Brasilândia.

Ronaldo Bianchi

A Secretaria de Estado da Cultura fecha 2009 com todas as construções, reformas e adequações de edifícios a todo vapor para que a cultura do Estado avance nos próximos dez anos.

Estão em construção, na periferia de São Paulo, nove centros culturais denominados Fábricas de Cultura. Serão os primeiros. O próximo governo deveria estender às grandes cidades do Estado este programa que conta com atividades de música, dança e teatro para jovens moradores de nove regiões com baixos indicadores sociais na Capital – Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Sapopemba e Vila Curuçá (zona leste); Brasilândia, Cachoeirinha e Jaçanã (zona norte); Capão Redondo e Jardim São Luís (zona sul). Serão equipamentos culturais de 6 mil m², em média, com diversos espaços de múltiplo uso e salas específicas para a prática de teatro, dança, música e circo, sala de audiovisual, ateliê de artes plásticas, oficina de cenografia e figurinos, biblioteca e um amplo e totalmente equipado teatro.

O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP) ganha casa nova em 2010. O acervo, um dos mais importantes dos movimentos Modernista (1910-1945) e Contemporâneo (1945 até a atualidade), será abrigado em uma área de mais de 35 mil m2 – sendo um dos maiores museus do mundo.

A Biblioteca de São Paulo, que será inaugurada no Parque da Juventude, zona norte da Capital, será a sede do Sistema Estadual de Bibliotecas, além de um espaço de incentivo e promoção pelo gosto pela leitura entre os paulistas.

Na parte de programas e projetos, a Secretaria de Estado da Cultura ofereceu, ao longo do ano, em parceria com os municípios, diversas atividades culturais em mais de 135 cidades. A Virada Cultural Paulista, por exemplo, foi realizada em 20 cidades do Estado e atendeu mais de 1 milhão de pessoas. Durante o ano, mais de 700 atrações circularam gratuitamente por meio do Circuito Cultural Paulista. Escritores renomados como Moacyr Scliar foram convidados a participar de debates e oficinas em 55 bibliotecas do Estado. Resultado: mais de 25 mil pessoas participaram do Viagem Literária, programa que tem como meta estimular a leitura.

Ainda no campo da literatura, a Secretaria concedeu, pelo segundo ano consecutivo, o Prêmio São Paulo de Literatura, a maior premiação da literatura brasileira. Ainda, realizou o Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier, distrito de São José dos Campos. A SEC também promoveu o Festival Paulista de Circo, o Festival de Teatro Infantil, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, o Cena Musical Independente, o Oferenda Musical, o Coreto Paulista, a 3ª Semana da Canção Brasileira e apoiou a realização do 16º Festival de Artes de Itu.

Dos programas continuados, vale destacar o Vá ao Cinema que atingiu números recordes em 2009. O programa que visa à distribuição gratuita de ingressos, válidos para filmes nacionais, destinados, principalmente, a alunos do ensino médio de escolas da rede pública, atingiu um público de mais de 2,1 milhões de pessoas. O Vá ao Teatro, realizado pela primeira vez em 2009, vendeu, de outubro a novembro, mais de 50 mil ingressos a preços populares.

Por último, o que mais nos orgulha é a reformulação realizada no Projeto Guri, tanto no que diz respeito à parte didática como na área administrativa. O Guri continua administrado pela Associação dos Amigos do Projeto Guri para alunos da Baixada Santista e Interior. Já a Santa Marcelina Cultura atende aos alunos da Grande São Paulo. A divisão existe para melhorar o atendimento aos alunos. Todos os novos professores foram avaliados e tiveram suas carteiras de trabalho assinadas. Em todo o Estado, são 47 mil jovens atendidos pelos Guris.

Essa mesma reformulação ocorreu com o Conservatório de Tatuí e na Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim. Os prédios foram reformados, os professores contratados pelo regime da CLT e novos currículos implantados. A área de formação musical sofreu uma reformulação profunda e os frutos estão sendo colhidos a partir de agora. Fica a satisfação de um ensino primoroso.

Ronaldo Bianchi

A sociedade contemporânea exige uma complexidade de serviços, que podem ser realizados por diversos atores: públicos, privados ou por meio de entidades civis. Nas civilizações menos organizadas, a regra é que o Estado deve abranger toda a responsabilidade de realizá-los. Mas o preço pago por esta opção normalmente é caro, com baixa qualidade e atendimento displicente. E isto acontece porque o Estado não é cobrado quando a sociedade civil e as instituições são fracas, pois o modelo político assemelha-se ao econômico, onde prevalece a força do mais forte.

Na vigência do Estado democrático, que compartilha com a sociedade parte relevante dos seus serviços, sem culpa, fica explícito que é papel da sociedade civil se organizar para contestar e exigir melhores condições. Bendito o Estado democrático que, em convênio com a sociedade civil organizada, administre hospitais, instituições culturais, esportivas, educacionais, científicas e parques ecológicos. Esta é uma forma de se respeitar a inteligência coletiva.

Mas, existem algumas matérias onde o Estado não pode compartilhar gestão com a sociedade, como é o caso das questões militares; recolhimento e administração de tributos, representação diplomática, atribuições do judiciário, funções de polícia, fiscalização e inteligência nacional, pois há necessidade de coerção para manter ordem pública e a integridade nacional.

Onde aflora a democracia, prevalece a ordem para a justiça social. O governo canaliza suas forças no que é importante para todo o contexto e compartilha com as organizações da sociedade civil os serviços locais que exigem rapidez e qualidade na sua realização.

Os países europeus e os EUA são exemplos desta virtude: confiar à sociedade civil a administração de importantes setores. A história brasileira neste campo é recente e vale repassar um breve histórico.

O Código Civil, em 1935, determinou que a sociedade civil poderia se organizar sob duas formas: associações ou fundações. As associações definem-se pela reunião de pessoas sob o mesmo propósito como, por exemplo, a SOS Mata Atlântica. Elas se organizaram para deferem a vida, uma mata, o ar limpo. Enquanto que nas fundações, as pessoas se reúnem para a administração de um legado (imóvel, dinheiro, acervo) como é o caso da Fundação Benedito Calixto, que preserva a memória e os quadros deste artista paulista.

O Estado, ao determinar a forma de suas organizações, também determinou como beneficiá-las. Aquelas que se cadastrassem junto ao Ministério da Justiça poderiam receber a titulação de utilidade pública. Se confirmado, poderiam receber recursos do orçamento público e deixar de recolher impostos de suas operações. Essa foi a forma jurídica encontrada, na época, para ordenar as despesas públicas, garantir o exercício orçamentário e incentivar a organização da sociedade.

Muita coisa mudou de 1935 até 1998, quando surgiu a atual forma de reconhecer as organizações da sociedade civil. O Brasil cresceu, passou por uma ditadura (1964 a 1985), depôs um presidente, findou 20 anos de um processo inflacionário deletério e, por fim, consolidou a democracia, que significa o governo pelo povo, para o povo.

A partir de 1998, as organizações da sociedade civil tornam-se reconhecidas pelo Estado como associações ou fundações sem titulação especifica, com critérios específicos, dependendo da esfera de governo: ou são Organizações Sociais (OS) ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).

No caso de São Paulo, o governo escolheu compartilhar, com a sociedade, a administração de seus equipamentos e serviços nas áreas da saúde, cultura e esporte. Nosso governo reconhece que temos associações civis organizadas e que o Estado é apto a determinar o que pode e não pode ser feito. Desta forma, áreas de trabalho não exclusivas do Estado podem ser exercidas, sob sua tutela, por associações e fundações, contratados para este fim.

Os contratos estabelecidos entre Estado e as Organizações Sociais exigem o cumprimento de metas, quantitativas e qualitativas. O seu descumprimento tem conseqüências. Este sistema dá valor ao serviço prestado, ao contrário da antiga forma, onde o que importa é o controle e não a qualidade do serviço. A sociedade não pode esperar por licitações infindáveis para a compra de remédios contra o câncer, AIDS ou outras doenças. Da mesma forma que cultura e esporte exigem qualidade para a formação física, intelectual e de cidadania das pessoas que formam uma nação.

As Organizações Sociais vieram para fornecer serviços melhores e mais rápidos em comparação àqueles realizados pelo Estado. O que adianta um “serviço” do Estado que não é entregue? Como justificar o atraso na fila do transplante ou na entrega de remédios? E esta nova forma de trabalho tem nome e sobrenome: administração compartilhada.

Ronaldo Bianchi

Desde o começo do ano, a Secretaria de Estado da Cultura está envolvida com as celebrações do Ano da França no Brasil e promove diversas atividades culturais em suas instituições. Neste semestre, o tema aparece principalmente em exposições relevantes, como Matisse Hoje, que entra em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo, dia 5 de setembro. É com orgulho que o Governo do Estado recebe esta mostra, ainda mais, porque é a primeira vez que as obras do artista francês são expostas no Brasil.

Matisse Hoje exibirá cerca de 80 obras entre pinturas, esculturas, desenhos, fotos, documentos e livros ilustrados de Henri Emile Benoit Matisse, considerado um dos principais pintores do século 20 e um dos mais importantes da arte moderna. Giulio Carlo Argan, influente historiador e teórico da arte, costumava dizer que “a arte de Matisse era feita para decorar a vida dos homens”. A exposição pretende mostrar o processo criativo do artista, propondo um percurso retrospectivo que aborda os temas fundamentais da sua trajetória: a cor, a linha, o arabesco e o espaço. Essa exposição, que segue até 1º de novembro, é, sem dúvida, uma das principais apostas da Secretaria dentro da agenda do Ano da França no Brasil.

Também merece atenção a parceria firmada entre o Memorial do Imigrante com a Cité nationale de l’histoire de l’immigration (CNHI), museu francês especializado em imigração, que apresentará ao público brasileiro, a partir de 26 de setembro (até o dia 8 de novembro), parte de sua exposição permanente Repères, que aqui no Brasil ganhou o nome de Pontos de Referência. Duas salas do Memorial do Imigrante serão ocupadas por documentos e obras de arte contemporâneas da Cite, que buscam dar um novo olhar sobre a história da imigração na França e o envolvimento dos imigrantes no desenvolvimento econômico, na evolução social e na vida cultural do país.

A Secretaria investe em uma agenda continuada, sendo assim outras exposições relativas às comemorações seguem em cartaz. O Museu da Imagem e do Som, por exemplo, oferece Staring Back até 27 de setembro. A mostra é composta por 200 fotografias em preto e branco do fotógrafo, diretor de cinema e escritor francês Chris Marker.

O Museu da Casa Brasileira exibe a exposição de design francês e brasileiro Ícones do Design – França/Brasil, em cartaz até 20 de setembro. A mostra reúne produtos que representam o universo do design dos dois países ao longo de 15 anos. Vale conferir a Chaise longue LC4, do arquiteto suíço Le Corbusier, Pierre Jeanneret e Charlotte Perriand; a calçada de Copacabana, com redesign de Roberto Burle Marx; a caneta Bic; as sandálias Havaianas; entre muitas outras peças.

Outra dica que considero imperdível é a exposição temporária O Francês no Brasil em todos os sentidos, que fica em cartaz até 4 de outubro, no Museu da Língua Portuguesa. Nela, além do ponto de contato entre as línguas francesa e portuguesa e as culturas dos dois países, é possível perceber a influência do francês no nosso idioma, em palavras como menu, bufê, crochê, tricô, maiô…

A Secretaria de Estado da Cultura acredita que as trocas culturais promovidas pelos dois países são enriquecedoras tanto para a classe artística, como para a população. O Ano da França no Brasil teve início, oficialmente, em 21 de abril, e segue até 15 de novembro. A programação completa das atividades pode ser encontrada no site www.cultura.sp.gov.br.

Ronaldo Bianchi

Em 1995 a Secretaria de Estado da Cultura deu início ao Projeto Guri com o intuito de promover a inclusão social e cultural de meninos e meninas por meio do ensino coletivo da música. Desde o começo, o Projeto obteve excelentes resultados, tornando-se referência no desenvolvimento da auto-estima de centenas de crianças e adolescentes de todo o Estado. O Projeto Guri oferece gratuitamente diversos cursos de instrumentos musicais, como violino, violoncelo, saxofone e percussão, além das aulas de canto coral, teoria e iniciação musical.

No mesmo ano da implantação do Projeto, 180 crianças e adolescentes realizaram sua primeira apresentação, surpreendendo a todos da plateia com obras de Beethoven, Villa-Lobos e Ravel no repertório. Alguns meses antes, na Oficina Mazzaropi (atualmente Pólo Amácio Mazzaropi), localizado no bairro do Brás, em São Paulo, estes jovens haviam passado por seu primeiro contato com o mundo da música.

O segundo passo do Projeto Guri foi a criação do primeiro pólo na Fundação Casa, na Unidade do Complexo Tatuapé, em 1996, mantendo sua proposta de oferecer atividades focadas no desenvolvimento da concentração, da disciplina, do trabalho em grupo, da respeitabilidade e a apuração da sensibilidade.

Em 1997, foi constituída a Sociedade Amigos do Projeto Guri, hoje Associação Amigos do Projeto Guri, para colaborar com o desenvolvimento do Projeto ao estabelecer uma parceria entre Estado e iniciativa privada. Assim, em junho de 2004, a Associação foi qualificada como uma Organização Social de Cultura e, em novembro do mesmo ano, passou a gerenciar o Projeto.

Treze anos depois de seu início, o Projeto Guri administra hoje 366 pólos em 301 municípios do Estado e foram realizados 48 mil atendimentos. Em 2007, o governo do Estado promoveu uma profunda reformulação no Guri – a AAPG elegeu uma nova presidência e recebeu novos conselheiros. Para garantir a qualidade do ensino aos seus 40 mil alunos, o Projeto Guri cria novos postos de trabalho nos pólos, com a contratação pelo regime CLT de 1700 profissionais.

Numa primeira etapa, concluída em janeiro de 2009, foram contratados 342 coordenadores de pólos em regime CLT. Profissionais que foram devidamente capacitados e iniciaram suas atividades em fevereiro. A segunda etapa do processo, que começa agora, será concluída em agosto.

Em um ano marcado por uma crise financeira em escala mundial e cheio de incertezas econômicas, a Secretaria de Estado da Cultura abre postos de trabalho, valoriza os profissionais da cultura e garante ensino de qualidade de música em todo o Estado.

Ronaldo Bianchi

O Encontro Paulista de Museus registra a importância que o Governo do Estado de São Paulo dedica à área. Durante os dias 17 a 19 de junho, discutimos problemas, oportunidades e os nossos relacionamentos, principalmente junto aos dirigentes municipais e prefeitos. Temos enfrentado alguns desafios nesta gestão, como a falta de recursos para ampliar acervos, reformar os espaços, aumentar a segurança e o treinamento de equipes.

E este Encontro foi importante para debater sobre todos os nossos compromissos e reivindicações e, sobretudo, para animar.É importante registrar que aumentamos nossoorçamento para a conservação e manutenção dos museus do Estado e, sem dúvida, esse investimento é nossa maior contribuição para a área.

Como exemplos, cito a inauguração do Museu do Futebol e do Catavento. Também é importante lembrar as obras de transferência do Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP) para o prédio onde hoje está instalado o DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito), no Ibirapuera; a burocracia dará lugar à arte. O espaço terá mais de 30 mil m2 para a exposição das 10 mil obras do acervo do museu e exposições itinerantes e será o maior museu de arte contemporânea da América Latina.

Além destas novidades, em 2010 será aberto o Museu da História do Estado de São Paulo, com o propósito de reafirmar o caráter empreendedor do Estado e, principalmente, reconhecer que São Paulo adotou há muito tempo a diversidade como sinônimo de sua identidade. O lugar escolhido para ser sua sede, a Casa das Retortas, no centro da capital, era o local de onde saiu, por décadas, a energia a gás que abastecia nossas casas e indústrias.

O Museu da História do Estado de São Paulo representará a síntese de todos aqueles que escolheram nosso Estado para viver, estudar e criar suas raízes, e contará com duas áreas expositivas: uma para mostras de longa duração e outra para exposições itinerantes. O complexo abrigará também um Centro de documentação histórica, SP – DOC, em uma área de 90 mil m2.

Além disso, entre o final de 2009 e o início de 2010, todos os museus administrados pela Secretaria no interior de São Paulo, e pelo menos três da capital – Museu da Casa Brasileira, Museu da Imagem e do Som e Memorial do Imigrante – serão reformados. Para o segundo semestre do próximo ano, também está prevista a construção de mais uma unidade da Pinacoteca do Estado, como parte do Projeto Nova Luz.

Desta forma, entregaremos o complexo museológico paulista preparado para algumas décadas. Nosso trabalho faz parte de um processo cuja continuidade dependerá de nossos sucessores, com a definição de novas metas elaboradas com o auxílio de todos que participaram do Encontro. Legaremos também ao Estado a consolidação da gestão dos museus por meio das Organizações Sociais, que agora consolidadas, mostram-se como um modelo muito mais eficaz de administração direta dos equipamentos públicos.

Ronaldo Bianchi

Em um ano repleto de incertezas com relação aos recursos para a área cultural, o Governo do Estado de São Paulo, por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria de Estado da Cultura, investe um montante de R$ 70 milhões para que artistas e produtores possam trabalhar tranqüilamente em 2009. O ProaC – ICMS permitirá aos produtores paulistas a captação de R$ 50 milhões. Os outros R$ 20 milhões virão de recursos diretos disponíveis pelos editais que serão lançados a partir de março.
Um aumento significativo de verbas para a cultura se comparado a 2008. No ano passado o investimento inicial de renúncia fiscal foi de R$ 32 milhões (ProAC –ICMS) e, para este, serão R$ 50 milhões logo no início, o que significa um incremento de R$ 18 milhões. Parabéns aos artistas e produtores, principais responsáveis por este expressivo aumento. Também vale destacar a inegável sensibilidade da Secretaria de Estado da Cultura e da Secretaria de Estado da Fazenda e do Planejamento pela iniciativa, pois com esses recursos, o Governo espera que artistas de diversas expressões e de todos os municípios, principalmente do interior do Estado, possam ter a oportunidade de trabalhar com aquilo que gostam: a arte.
Para esclarecer, o Programa de Ação Cultural, ProAC, é um programa do Governo do Estado de São Paulo, que tem como objetivo disponibilizar recursos financeiros públicos para atender demandas da sociedade civil na produção artística e cultural.

Este mecanismo de financiamento amplia e diversifica o setor, cria novos espaços, preserva o patrimônio cultural material e imaterial e fortalece as formas de circulação de bens culturais no Estado de São Paulo, de forma participativa.

Trata-se de um aperfeiçoamento na relação do Estado com artistas e produtores, no que diz respeito à alocação dos recursos públicos. Neste processo, objetiva-se, entre outros, viabilizar obras que muitas vezes não teriam participação no mercado, mas que revelam-se de grande significado para a sociedade.
As duas formas possíveis para obtenção de apoio financeiro para projetos culturais por meio do ProAC são: via editais, com recursos orçamentários da Secretaria de Estado da Cultura, onde os projetos são escolhidos por meio de seleção pública. Outra forma é obter recursos com o patrocínio de contribuintes do ICMS, via Incentivo Fiscal (ProAC-ICMS). Por este mecanismo, o Estado delega competência para a sociedade civil escolher onde investir parte do imposto gerado e oferece ao contribuinte a oportunidade de patrocinar a arte e a cultura de São Paulo, apoiando financeiramente projeto credenciado pela SEC. Esse processo é realizado pela renúncia fiscal e o valor patrocinado entra como crédito de ICMS na apuração do contribuinte.

Saiba mais sobre o Programa de Ação Cultural – ProAC e outras atividades da Secretaria de Estado da Cultura no portal: www.cultura.sp.gov.br

Ronaldo Bianchi

O programa Revelando São Paulo, da Secretaria de Estado da Cultura, realizado em parceria com a Organização Social Abaçaí Cultura e Arte, cresce a cada edição e se firma como uma vitrine da cultura tradicional paulista. Por meio do Revelando São Paulo, o Governo do Estado de São Paulo valoriza as nossas raízes e expressões culturais em diversos pontos, sejam eles no interior, no litoral e na capital.

Logo no início deste ano começamos com o II Revelando São Paulo Entre Serras e Águas – Festival de Cultura Paulista Tradicional, entre os dias 7 e 11 de janeiro, no município de Atibaia. O evento mostrou toda a força da cultura de São Paulo com a participação de 107 municípios e público estimado em 50 mil pessoas. As cidades mostraram toda a diversidade do artesanato e da culinária regional, além de encontros de folias de reis – 11 no total, sete apresentações de catira, seis orquestras de viola e 17 violeiros – e os 35 grupos de danças típicas como Congadas e Moçambiques.

Congos e Congadas são folguedos que geralmente aparecem na forma de cortejos, onde os participantes, cantando e dançando, em festas religiosas ou profanas, homenageiam, de forma especial, São Benedito. Muitos destes folguedos cumprem também um papel auxiliar no catolicismo popular, ajudando devotos a cumprirem suas promessas. O uso de instrumentos musicais varia em cada região, mas o forte é a percussão, que estimula momentos de bailados vigorosos e manobras complicadas.

Já os Moçambiques ou maçambiques são folguedos que aparecem durante quase todo o ano nos municípios do Vale do Paraíba, principalmente nos que circundam a cabeceira do rio Tietê e no Noroeste de São Paulo. São grupos religiosos que homenageiam, com suas músicas e danças, santos padroeiros, sobretudo São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. As atuações caracterizam-se por evoluções e manejos de bastões. Seu traço distintivo são os paiás (carreiras de guizos) ou gungas (pequenos chocalhos de lata), atados aos tornozelos dos moçambiqueiros.

Assim, a Secretaria de Estado da Cultura mantém viva toda essa tradição popular e dá oportunidade de se tornarem conhecidos aspectos pouco divulgados da vida em São Paulo. Práticas que refletem a nossa diversidade cultural, que mostram como São Paulo de hoje, altamente industrializado e cosmopolita, convive com o rural e o poético que está na memória, no coração e no cotidiano das pessoas. O Revelando traz à tona nossa identidade, mostra como nos vestimos, como dançamos, como cantamos e como transformamos alimentos em pratos de uma culinária requintada, assim como apresenta as nossas práticas religiosas. Mais ainda, o Revelando promove a troca de costumes e tradições entre as regiões do Estado.

Nesse grande encontro que é o Revelando, jogamos luz sobre nossa alma paulista-caipira-caiçara e piraquara representada por nossos congadeiros, moçambiqueiros, foliões do Divino e de Santos Reis, sãogonçaleiros e catireiros, violeiros e curueiros, romeiros e penitentes, cavalarianos e artesãos de várias procedências de nosso Estado. São eles os verdadeiros artistas deste imenso palco chamado Revelando São Paulo.

A próxima edição do evento, o Revelando São Paulo Vale do Ribeira, será realizado em Iguape, de 10 a 14 de junho, com um encontro de bandas e fanfarras.

Ronaldo Bianchi