Como combater uma corrupção endêmica, terrorismo, tráfico de drogas? Na China estabelecem um julgamento sumário. Estabelecem uma sessão especial apoiada por um adensado volume de provas, condenam o acusado e o fuzilam. Cobra – se da família o valor da bala fatal. No Irã, indonésia, Cingapura os costumes variam da condenação à morte, apedrejamento, chibatadas, enforcamento e por ai vamos. Nos USA o julgamento é célere. O julgamento invariavelmente finaliza-se com a condenação a morte ou prisão perpétua.

A partir de evidências, as provas geradas fornecem instrumentos para a promotoria acusar, o júri condenar e o juiz apenar, respeitando uma linha de lisura processual. Não vi até o momento nenhum caso de injustiça nas acusações aos terroristas no modelo americano. Como ficam atentos a ação de governo é estreita a prática de desvio de conduta. Nos países latinos os tratamentos são menos precisos e nebulosos. Quando há terrorismo no centro da questão o processo é muito bem averiguado para que a condenação seja procedida com rigor.

Impasses brasileiros XVI
Como tratamos no Brasil estas questões? Nossa sorte nos livrou até o momento das ações terroristas transbordadas do oriente. Resvalamos no passado (2002) em uma possível rota de circulação de capitais do terrorismo muçulmano via Foz do Iguaçú. Não chegamos perto de explosões que mataram centenas no atentado ao Centro de Cultura Israelita na Argentina. O que nos transtorna é a leniência com o tráfico de drogas e o combate a corrupção. Vamos dividir a questão em duas partes: corrupção e crime organizado (atuando em drogas, armas e cargas).
Os crimes de corrupção são timidamente pesquisados.

Desconheço os motivos. A condenação dos mensaleiros foi um marco neste deserto de sentenças. O volume de acusações não nos é revelado. Nossos institutos que acompanham os processos são exíguos ou inexistentes. Temos a impressão que quem chega ao comando da máquina pública recebe um alvará para agir como quer. Abraçam os cofres públicos com fossem seus. Esquecem promessas de campanha e abrigam seus correligionários em qualquer vaga disponível.

Não avaliam a qualidade, a necessidade e o currículo do indicado. Entregam o cofre público aos amigos. Penalizam a quem discorda ou impede o assalto. O informante geralmente é demolido. Há um compadrio perverso entre partidos. É uma proposta do tipo: “eu não olho o seu desmando e você tolera o meu”. A perpetuar esta postura nosso país não dará certo nunca. Aos amigos tudo aos inimigos a lei, nem isto mais acontece, Dr. Getúlio. Há uma premência para a construção de institutos destinados a o acompanhamento da gestão pública. Caso contrário o caos será maior do que é. Nosso país fadado ao fracasso.

Quanto ao crime organizado dada a composição “ espiritual” descrita no paragrafo anterior a perseguição e alcance fica reduzido a oportunidade da delação e honrosas atuações da Polícia Federal. Não há um plano sistêmico. A Polícia Federal é sabotada consciente ou não pelo governo. Precisa de mais recursos humanos, equipamentos e treinamento, não lhe é oferecido. Uma temeridade governamental reduzir o combate nas fronteiras e nos centros urbanos. A polícia precisa do apoio da sociedade civil.

Estamos às portas de importantes eventos internacionais. Estamos preparados para que nos revelem como incompetentes e tolerantes com a corrupção e o crime organizado? Não chegamos à vergonhosa situação russa, mas estamos pertos. Ou chegamos lá e não sabemos?

Ronaldo Bianchi