O Estado publicou esta semana uma pesquisa apontando que 56% do nosso povo não tem preferência partidária. Chega a ser novidade? Neste instante não. Os partidos da coligação federal não atraem paixões. O PT a liderança detém 24% da preferência do eleitorado. Dentro da configuração geral é uma porcentagem importante. A capacidade de adesão ao governo de plantão é uma característica da nossa democracia. Nosso legislativo é operado a partir da vocação à extorsão do executivo. Tome como exemplo a corrida atual para o preenchimento das cadeiras presidenciais do senado e da câmara dos deputados. Os candidatos detém uma extensa característica adesista ao executivo. Ao mesmo tempo desenvolveram truques para ordenhar as finanças públicas à favor de seus interesses partidários, grupais e individuais. O candidato ao senado chegou a renunciar ao mandato acusado por falta de decoro ( empresa de construção pagava a pensão do filho bastardo do senador).

Costume do coronelismo atávico de sua estirpe. Como possuía profundas conexões com os demais senadores e informações confidenciais. O trabalho de “arregimentação” junto aos colegas colheu resultados. Lembrou aos mais próximos o que poderia ser revelado. Concluiu o processo da forma que conhece como ninguém: o “do in” político. Toca nos pontos mais sensíveis dos colegas. Altera e confirma o seu interesse. Livrou-se do processo na comissão de ética (faz-me rir, diria mamãe). Absolvido. Submergiu por anos. Seu mentor Sarney, o personagem mais enigmático da república contemporânea, guardou seu lugar. Operou de forma segura a hegemonia dos interesses que representam. Renan retornará pomposamente. Como não guarda compostura como Sarney, será alvo cedo ou tarde “vitima” de um comportamento que o levará a novo embate. Permanecerá no cargo? No momento um pomposo retorno o espera,, acompanhado de um nebuloso horizonte a espreita. Na Câmara o perfil não é diferente, mas o histórico é menos problemático. Há discrição. Sarney lega um discípulo ao trono. Menor, sem dúvida.

O executivo vê o legislativo como braço auxiliar dos seus interesses. Confirmando um cenário onde a oposição é ausente. Vivemos uma pantomima. Não há democracia em exercício. Há um desequilíbrio de poderes, Os grupos adesistas impõe uma consistente agenda ao executivo: avançam sobre a máquina do estado, as verbas e favores. Portanto, não há democracia. Vivemos uma república de alianças entre os ávidos e os abutres.

Dentro deste cenário o povo não encontra interesse em afirmar a que partido adere. Não oposição, os adesistas não procuram o bem publico. Garantem seus interesses de grupo. Ouvi outro dia que se transportado par um cenário dos USA a coligação representariam os democratas. Quem seriam os republicanos? Os evangélicos, ruralistas e os proprietários das universidades particulares. É uma visão. Discordo.

O povo aguarda melhor cenário, mais definido, contundente e comprometido com o futuro da nação para eleger uma nova composição democrática. Menos servil, acolita e daninha. Se não fosse cercado de radicalismo o PSOL, somado ao legado eleitoral de Marina Silva poderiam apresentar uma esperança. Quanto ao PSDB, DEM e PPS precisariam reformular propostas e candidatos. Reapresentarem como oposição não vacilante. Um programa de crescimento e combate a corrupção. Conseguirão? Até lá o limbo pela hegemonia política está colocado.

Ronaldo Bianchi

O quadro econômico é preocupante por diversas razões. Porém uma é acachapante. A tentativa de enganar a si próprio. Demonstra a incompetência de autocrítica. Anula condições para: Refazer-se. Remodelar. Alterar quadros e modificar sistemas.

Ao final do governo FHC a estabilização econômica estava lastreada pelo câmbio variável, a inflação por metas e responsabilidade fiscal. Estabelecida uma métrica. Padronizada sua captura de dados o descarrilamento econômico seria quase impossível. As disfunções e perda da dinâmica ocorreriam se os fatores da boa governança fossem desobedecidos.

O governo de Lula conseguiu emplacar expressivos sucessos por que não alterou o principio da estabilidade por meio do tripé de governança econômica. A crise 2008 não foi uma marola como ele apregoou, mas devido a disciplinas as consequências forma mitigadas. A elevação de renda conjugada com a conquista do pleno emprego ( 4%é considerado economicamente um índice de pleno emprego) formaram um importante colchão para superar a estagnação de 2009 em 2010. A economia mundial cresceu significativamente nos oito anos de Lula.

A China proporcionou aumentos reais dos produtos de base: minérios, agrícolas e alguns de transformação. Vimos a estabilização da: Rússia, Coreia, Índia e Paquistão. Nada negativo alcançou o cenário mundial até 2008. Diga-se uma crise criada pela irresponsabilidade do governo americano. Destravou o mercado de derivativos. Os Inescrupulosos agentes de Wall Street amealharam fortunas ao criar pirâmides financeiras. Uma hora conta não fecha. Não fechou. Milhares foram a bancarrota. Empréstimos tornaram-se da noite para o dia uma categoria impagável. As carteiras de inadimplentes (sub prime) preencheram balanços de bancos como créditos podres. Irrecebíveis. A agenda mundial continua sua saga para a busca de um novo equilíbrio. Não chegamos a ele. Ajustes orçamentários não se configuraram. A Europa está “ladeira abaixo”. A sua recessão provocou desaceleração do crescimento chinês em 2012. Não acredito que chegamos ao fim do túnel e se há luz poder ser um novo trem em sentido contrário. Como fica o Brasil nesta situação?

O primeiro fator a ser cumprido é reconhecer nossas dificuldades macroeconômicas. O distinto seria medidores confiáveis. Maquiar números atende aos ilusionistas. Para os empresários é glicerina. Os investimentos são congelados e a expectativa do próximo passo inibe movimentos econômicos confiáveis.

O segundo: os agentes estão atentos no conjunto da obra quanto ao desrespeito das relações contratuais. Na prática de juros negativos para remunerações financeiras do BNDES e para os ativos financeiros. Criar uma redução fictícia entre inflação e juros é um convite à hiperinflação. Corrida a ativos imobiliários, ouro, outras moedas. Não geram renda. Geram especulação. Vivemos este momento.

Terceiro: estamos atônitos quanto à má gestão dos investimentos públicos. O insucesso de suas realizações, a precária velocidade dos processos decisórios, falsas promessas quanto a matriz energética, o atraso nos reajustes dos preços administrados pelo governo. Todos são fatore para a desconfiança do nosso futuro.

Ronaldo Bianchi

Nosso país sofre de várias anomalias que impedem seu crescimento. A educação dos brasileiros não acompanha as exigências do mercado na área de serviços e da indústria. É a falta de capacidade de produzir mais, reduzindo os custos varáveis por unidade produzida ou entregue. Reduzindo os custos fixos. São medidas da empresa, não necessariamente responsabilidade do governo. A nossa capacidade gerencial é menor do que a dos BRIC e de outros países menores, como a Coréia. A produtividade média dos serviços de 1950 a 2005 no Brasil avançou 9%, enquanto na Coréia 125%. Poderá haver discrepâncias comparativas, mas é acachapante a velocidade coreana. O vetor está na qualificação da mão de obra.

A população coreana engajou-se para o desenvolvimento intelectual. Tínhamos em 1950 condições próximas quanto aos índices de analfabetismo 40% Coréia e 50% Brasil. Desde então os números coreanos e destacaram. Hoje a Coréia tem 2% de analfabetos. O Brasil 13,6%. Há ainda uma situação captada que aumenta o “vale” comparativo: o analfabetismo funcional. Somos um país com 30% da população nesta condição. Desconheço o número coreano. Eles possuem 64% dos jovens em universidades. Porém basta verificar o ranking das olimpíadas de matemática. Os coreanos são o número 1. O Brasil décimo nono.

Há outros exemplos bons e maus. Há outros impeditivos. A Argentina continua a desejar quanto a crescimento relativo. Porém, países como Chile, Colômbia e Peru demonstram vitalidade econômica. Crescem acima de 3% há quase uma década. A inflação não chega à metade do indicador de crescimento do PIB. Por quê? Há uma explicação quanto a isto: indicadores de investimento. Países citados investem acima de 20% do PIB, chegando o Peru a 25% em 2011. O Brasil apresentará em 2012 um crescimento menor do que 1% com uma inflação de 4,5%. Fato semelhante ocorreu em 2011. Nossa opção em escapar da realidade e jogar com palavras é uma tragédia que se anuncia.

Precisamos de forma importante nos ater nas condições básicas para o aumento do investimento. Para isto o governo precisa buscar investidores externos e simultaneamente adquirir o hábito de respeitar contratos. Parar na intromissão de estragar a equação de ganho dos concessionários. O monopólio do petróleo precisa ser rompido. Não condições de continuidade. A Petrobrás é refém e vitima da desqualificada gestão do governo federal dos recursos nacionais. Precisaria aumentar seus preços, está impedida. Esta garroteada de duas formas: pelo governo e pela sua burocracia.

Portanto desobstrui-la tornou-se mandatório para revitalização do mercado acionário e a composição exata do nossa inflação. Resta ao governo federal ampliar seus esforços na conduta de eliminar custeio. Repassar custos por meio do aumento da carga tributária é um convite, primeiro à sonegação. Em segundo lugar a diminuição do poder de compra da população. Aliás, esgotada. Em terceiro e não menos importante a fragilização da lucratividade empresarial. Estamos criando um ambiente para o retorno da hiperinflação. O Brasil precisa de mais competição. Cabe desmontar os monopólios ( petróleo e correio) e rever as condições dos oligopólios atuantes. Por esta e por outras se o Brasil não agir com foco, perderá mais uma vez o trem da história. Precisará focar na qualidade escolar ao mesmo tempo propiciar um ambiente amigável para o investimento privado. Respeitando suas condições primárias, realizar investimentos prioritários. Não resolveremos nossos problemas investindo em trem bala. Resolveremos criando estradas melhores ( inclusive as de ferro), portos e aeroportos.

Ronaldo Bianchi