A democracia brasileira não corre perigo quanto a forma e estrutura de sua representação. Mas há outros perigos latentes. O continuismo e a hegemonia partidária à moda mexicana. Lá a PRI ficou no poder por 71 anos, manipulando resultados e extorquindo adversários. Da mesma forma as ditaduras com representação política. Como a brasileira. Por 24 anos montou um cenário de representação fantoche: ARENA e MDB.

Dentro desta MDB existiam os adesistas era m uma oposição faz de conta. Dela emergiram os autênticos que deram a cara para bater e serem cassados. O MDB autentico derrubou a ditadura com o patrocínio da imprensa e a divisão da ARENA. Isto é uma passado. Agora ando lendo Ana Arendt há algum tempo. A forma como argumenta e demonstra a montagem das peças do berço totalitarismo é preciosa Estuda a fundo a psicologia sociopolítica da apropriação do antissemitismo para embasar um discurso aparentemente vazio mas que acrescido de um “inimigo” externo (o povo eleito) e a miséria acende o pavio do totalitarismo. Os ingredientes não acredito tão atuais, mas a fórmula é presente.

Alteram-se os componentes e teremos uma nova aventura totalitária. Não faltam políticos e partidos a escolher “inimigos” para agregar a população mal informada, manipulável por discursos messiânicos e implantar-se como solução definitiva. Quando reflito o que ocorre no mundo e no nosso país em particular, mais convicto estou em apoiar a impressa livre. Ela corre perigo. Dada a pulverização de verbas publicitárias a um sem números de mídias, sofrem mais as independentes. O dinheiro não jorra para críticos. Incomodam. Há uma nova força de censura no ar: o garroteamento publicitário.

Os mais atingidos sãos jornais e revistas e sites. Não precisam da concessão pública para existirem e desenvolverem críticas. Agora as rádios e televisões são gorroteaveis a qualquer momento ou no momento da renovação da autorização. Da mesma forma as mineradoras, as mantenedoras de estradas, bancos e qualquer outra concessão pública. Basta uma aperto do governo de plantão e os recursos publicitários como a renovação da concessão podem ser negados. Vide a Argentina e a saga do El Clarín. O Pagina 12 de abertamente crítico no passado, tornou-se oficializado. Jorram recursos para suas páginas. Outro assunto preocupante é a possibilidade da exigência da contribuição partidária. “Faço a propaganda, mas tu paga a taxa do partido”. Será que não existe esta possibilidade? Não sei, mas parece possível. Aqui não acuso nenhum governo em particular.

Levanto uma hipótese. Por isto peço para continuarem a assinar, manter e patrocinar: jornais, revistas e sites independentes, críticos, investigativos. São nossas únicas armas para nos distanciar do totalitarismo latente do processo político contemporâneo. Ovo da serpente (o totalitarismo latente) existe, como a máfia e a burocracia pública e partidária corrupta que nos estorce, nos prejudica moral e economicamente. Pelo simples fato de não aceitamos esquemas e não rompemos com nossos valore s e princípios democráticos e republicanos. Sem será bom para o mercado a imprensa livre, iquisidora, investigativa. Equaliza a relação de forças. O mercado precisa se concientizar que sua única arma é uma opoisição forte como uma imprensa livre e independente. Faz bem aos negócios.

Ronaldo Bianchi