O Brasil precisa de um conjunto de ações para impedir um desastre que se aproxima. Ficar no meio termo. Não é maior porque é incompetente. O desastre não é enorme porque temos um país rico em minérios, um setor agroindustrial de primeira. O desastre é nosso dia a dia violento das nossas ruas, das nossas prisões, o mau governo da coisa pública, a indiferença da população com o esculacho geral da saúde, educação, infraestrutura, saneamento básico. Acreditamos que nos é suficiente o mais ou menos. Nunca almejamos o melhor. Basta funcionar. Ser mais ou menos está bom. Nunca completamos um programa de cabo a rabo.

Se o escrevemos. Não há um modelo passo a passo que possa ser acompanhado, cobrado por quem quer que seja. Quando cobramos que seja feito? Continuamos a votar sempre nos mesmos personagens que nos enganam há décadas. O atual presidente do Senado que já aprontou poucas e boas. Renan Calheiros foi eleito em 86 como deputado federal. Já passou pelo PSDB quando este elegeu FHC. Pulou para o PMDB de Sarney, quando a maré mudou para a coligação PT/PMDB. Collor retornou ao senado pelo voto popular. Não enfrentamos nada de frente. Fica a impressão que o mensalão será um episódio isolado na nossa história. Outros julgamentos com tanta propriedade e isenção não se repetirão.

Caso o julgamento ocorresse com a atual composição do STF, estariam livres ou cumprindo penas bem menores. O crime compensa no Brasil? Eu creio que sim. Desde Rui Barbosa temos vergonha de ser honestos. É uma verdade. Não há consequências para quem faz mal feitos em governo. As empresas se há mal feitos ela quebra. As consequências são diretas e rápidas. No governo são lentas e quase nada acontece. O legislativo é núcleo de achacadores do executivo. O poder executivo é composto por políticos ou indicados por partidos sempre muito preocupados com a próxima eleição. Todos de olho em cargos e orçamentos. Por que será? Os cargos de conselheiro dos tribunais de contas são preenchidos por políticos apontados por presidentes e governadores para julgarem suas. Há isenção? Quantos mal feitos foram reparados? Quanto custa estes tribunais e quais são os seus resultados?

O sistema republicano não está funcionando no país. Há um apagão de lideranças, de competência e cuidados com o interesse público. Perdeu-se a dimensão ética do exercício público. A honestidade é vista como obstáculo aos anseios partidários. Caminhamos para um desastre institucional a passos lentos e seguros. Precisamos de mudanças. Quem as fará? Quem serão os agentes? Eu enxergo algumas alternativas. Como por exemplo, o fim da reeleição aos cargos executivos. Colocar limites ao número de ministérios, secretarias, nomeações de cargos de livre provimento. Alterar a forma da composição dos conselheiros dos tribunais de contas. Reduzir dois terços o número da representação legislativa em todas as esferas. Só assume ministério ou secretaria quem tem formação em gestão, tem currículo técnico para o seu exercício. Se não deu resultado: rua. Troca-se.

O Brasil mudará quando a maioria resolver acreditar que o país é nosso e não dos políticos e seus partidos.

Ronaldo Bianchi