Comparações entre o sistema eleitoral americano e o brasileiro.

Quando a feijoada é melhor que o hambúrguer com fritas.

O vendaval Trump que assola o sistema eleitoral americano expõe uma chaga não cicatrizada. A ameaça da supremacia dos brancos e ricos.

O sistema de eleição indireta americana tem sua origem nas condicionantes para que a federação se concretizasse. Descobrimos em 2002 que George Bush foi eleito tendo menos votos absolutos, porém como tinha maior número de delegados foi eleito. Assim como Trump em 2016.  Nossa imprensa não traduz com por menores o que se passou nos últimos 200 anos no sistema eleitoral americano. Para facilitar percorro um caminho com atalhos para facilitar a compreensão:

  • Os fundadores definiram como “o povo” com direito a voto os proprietários. Correspondiam a 6% do total da população. Sim, seis porcento definiam o que seriam os USA.
  • Voto era e ainda é facultativo.
  • A decisão de organizar os eleitores do Colégio eleitoral varia conforme o estado.
  • As leis e formatos de votação são determinadas por estado.
  • O voto de pretos foi autorizado no final do século XIX, desde que soubessem ler, escrever e pagassem pelo documento autorizativo de votação.
  • Os estados sulistas iniciaram século XIX uma trama para afastar os negros das campanhas eleitorais e do direito ao voto. O impedimento por intimidação e procrastinação burocrática. Por décadas o eleitores pretos deixaram de votar devido a ameaça de morte e espancamentos.
  • O voto feminino é de 1920.
  • A segregação eleitoral americana se expandiu atingindo também hispânicos e asiáticos.
  • Pessoas com histórico prisional, mesmo cumprido, não tinham direito a voto. Ainda é vigente na Flórida. Presos votarão se pagarem suas dívidas.
  • Em 1964 depois da promulgação da Lei dos Direitos Civis, as barreiras de eleitorais aos negros e demais etnias foram paulatinamente derrubadas.
  • Não bastasse a intimidação, empecilhos legislativos e burocráticos os brancos sulistas iniciaram na década de 60 a alteração dos distritos eleitorais. O objetivo era a prevalência da maioria branca. Alteravam a geografia territorial para prevalecer a maioria branca e dividir as outras etnias.

Stacey Abrams protagoniza um documentário devastador sobre o tema. All In; The Figth for Democracy.

No Brasil o sistema eleitoral incorporou todas as vantagens democráticas. Voto assegurado para mulheres, analfabetos e nunca proibiu a representação das etnias, raça e religião ao contrário do modelo americano. Podemos citar bons exemplos e melhoras:

  • A justiça eleitoral. Assegura uniformidade de procedimentos de votação a nível nacional, apuração digital centralizada, julga os acusados de crimes e os impedidos por ficha suja.
  • Nosso voto não sendo distrital minimiza a representatividade do crime organizado.
  • O modelo de representação precisa ser aperfeiçoado no sentido de dar maior representatividade aos estados mais populosos.
  • Criar clausulas de barreiras mais expressivas e urgentes para impedir a proliferação de partidos de aluguel.

 

Porém, temos um sistema mais orgânico e menos propenso a fraudes que a da democracia americana. Quem diria? Afinal a  feijoada sempre foi mais saborosa que o hamburguer.

 

Ronaldo Bianchi

 

 

 

A América tornou-se potência quando definiu grandes metas e abraçou oportunidades. A primeira grande sacada foi garantir uma educação média universal, currículo nacionalizado e importantes centros universitários.  Antes disto, criou uma malha ferroviária de costa a costa. A produção agrícola dos rincões chegava aos grandes centros e em contrapartida recebiam as manufaturas necessárias.

Depois o governo americano aceitou a monopólio da ATT com uma meta simples: “um telefone preto na casa de cada americano, em cinco anos.” Fizeram uma segunda revolução nas comunicações e nos negócios. Chegaram oportunidades pelo telefone e os equipamentos como o telex. Depois chegaram o fax e um pouca mais tarde os computadores de mesa.

O próximo passo foi a chegada da era digital com smartfones, tablets e laptops, sem perder os meios mais antigos. Vimos como foi maravilhoso vivermos a era digital no momento de pandemia. O que fez resistir a economia foi a tecnologia digital e a logística. Parece que muitos processos e postos de trabalho resistiram a pandemia porque existiu um patamar operacional digital mínimo. A conectividade, portanto, deve ser elemento de prioridade para qualquer governo. Se não existisse viveríamos uma hecatombe econômica e não uma recessão.

Portanto, parece cada dia mais evidente que precisamos montar um sistema para criar empregos, matar a fome, deixar de poluir e incluir toda a população na era digital.

Qualquer organização social, governo ou empresa deveria ter como prioridade armar a população e seus grupos de interesse com dispositivos móveis e acesso ilimitado na rede mundial. Cabe a todos melhorar o padrão de vida da população, para que passe a explorar suas possibilidades e alcançar serviços universais básicos: educação, saúde e saneamento aliado a qualidade de vida. A era 5G fará a segunda revolução digital.

Por onde começar a efetiva revolução digital?

  • Infraestrutura: Acesso universal para a rede mundial. Neste caso examinar a malha de oferta por critérios de densidade populacional e renda. Cobrir as periferias mais pobres é prioritário. Cabe angariar recursos para o investimento das companhias que exploram a rede das mais diversas maneiras. Afina serão beneficiárias diretas do acesso.
  • Educação: Qualquer estudante deve ter um dispositivo de acesso para alcançar uma boa formação. A melhor educação é hoje oferecida por conteúdos digitais. Incluindo a disponibilidade dos livros didáticos.
  • Saúde: Disponibilizar informações por banco de dados. Marcar consulta por meios remotos é o mínimo que a população deve ter como disponível. Deveríamos incentivar consultas remotas para uma avaliação prévia da situação do paciente. Encurtaria tempo, reduziriam custos e salvariam vidas. Só casos específicos e urgentes deveriam ser ter atendimento presencial.

Transparência de processos: Inconcebível neste momento, qualquer o governo não disponibilizar a integralidade de seus atos e contratos. A corrupção em compras de bens e serviços está com seus dias contados.

 

Ronaldo Bianchi