Há dois riscos importantes para as organizações ligadas ao desenvolvimento e gestão.

Desenvolvimento

Crescer menos que a concorrência é negligência, fator letal para organizações. Perdem a relevância junto a acionistas, clientes e fornecedores. A ausência de crescimento são traços visíveis de decadência. Este alerta vale para qualquer organização, com ou sem fins lucrativos e organizações governamentais.

Explico: Paralisar o crescimento reflete em menos disponibilidade de caixa para: pesquisa, propaganda, desenvolvimento de mercados novos, investimentos em novas áreas de conhecimento, máquinas, dispositivos e aumento de produtividade.

Gestão

Se no passado, possuir elementos como capital financeiro e capacidade tecnológica eram fatores decisivos para o sucesso organizacional, hoje além destes, acrescentamos:

1. Captura, desenvolvimento e situação dos talentos de recursos humanos. Creio que no fundo sempre foi o fator mais decisivo para o sucesso organizacional. Porém, sua relevância se tornou mais evidente, a partir do momento em que os fatores “hardware” tornam-se comodities. Máquinas, equipamentos e seus acessórios passaram a estar disponíveis nos quatro quadrantes mundiais. A sua aquisição facilitada seja pelo prazo, financiamento e assistência de implantação e manutenção. Atualmente o que decide são recursos humanos criativos, comprometidos e que produzem resultados.

2. Para complementar: negligenciar processos. A organização de sucesso privilegia o conhecimento do seu processo. Esta operação de permanente negligência e reposicionamento garante vitalidade e inibe a acomodação. Por meio de processos, garantimos padronização, observamos possíveis inconsistências na realização de produtos e serviços. Aprimoramos a realização de redução de custos e aumento de resultados.

Portanto, crescer é bom.

Ronaldo Bianchi

As organizações sem fins lucrativos tem sido alvo de críticas nos últimos tempos. Sobre algumas delas, paira a suspeita de exercício do papel de “laranjas” em esquemas de transferência de recursos governamentais. Como ocorrem? Autoridades dos poderes executivos liberam recursos orçamentários para organizações com algum vínculo junto a parlamentares ou ocupantes de cargos do executivo. O orçamento nacional é a fonte das receitas e o destino das despesas. Parte das receitas é renunciada pela união, a favor de programas para o desenvolvimento econômico, social, cultural e científico.

Em anos recentes (2008-2010), o total desse procedimento aumentou, passando de R$ 120 bilhões para R$ 130 bilhões. A fatia expressiva está ligada ao eixo econômico-científico.
Todo montante, depois de distribuído e empregado pelas organizações, é conferido por meio de sistemas de prestação de contas e modulado conforme a finalidade.

A segunda forma de distribuição de recursos públicos ocorre por meio de convênios e contratos realizados pelo poder executivo (ministérios), podendo ser ordenada por parlamentares e bancadas estaduais na esfera do Congresso Nacional. Da mesma forma que a renúncia, as organizações beneficiadas devem aprovar suas pretensões para o uso dos recursos, obedecer a editais e condições de contratos e convênios, e fornecer as informações cadastrais solicitadas para fazer jus aos recursos.

Até agora, vimos um cenário do que deveria ser. Porém, nem tudo o que se vê é uma tranquila sequência de procedimentos. Quais são os riscos dessas organizações e de quem libera os seus recursos? Os recursos são liberados a partir de um modelo físico e financeiro cronologicamente demonstrado e aprovado por uma comissão ministerial. A liberação só ocorrerá após trâmite nas áreas jurídica, administrativa e financeira do ministério. A partir da liberação, as organizações passam a correr riscos:

1. Não cumprir o estabelecido no objeto do contrato de liberação.

2. Desobedecer a planilhas aprovadas, gastando mais em alguns itens do que em outros e ultrapassando o percentual acordado.

3. Comprando ativos para a organização quando o recurso é dedicado ao custeio.

4. Relaciona pagamentos lastreados em documentos inválidos, como por exemplo, notas fiscais expedidas por empresas cujo objeto social e estatutário está ausente ou em desacordo com o serviço ou produto comprado.

5. Não cumpre a obrigação do processo de compra, exigido pelo convênio ou contrato. O governo obriga que compras em convênio sigam a Lei 8666, que regulamenta compras de produtos e serviços.

As desobediências a esses cinco itens podem levar as ONGs a serem impedidas de participar de outros certames, seus diretores e conselheiros podem responder com seus bens e recursos pelo prejuízo ou desobediência causados ao erário.

Caso a apuração conclua que ocorreu culpa ou dolo, o processo administrativo transforma-se em sindicância. Nesse caso, há várias consequências ao(s) dirigente(s), conforme a gravidade, podendo:

a) Ser advertido.

b) Ser suspenso.

c) Ser demitido a bem do serviço público se funcionário de carreira. No caso de cargo de confiança, apenas demitido.

d) Responder a uma ação civil pública que poderá levá-lo a ressarcir o dano ao erário público. Nada fácil para quem opte pelo mau desempenho ou vacile na formalidade dos atos.

Quais são os riscos de quem libera recursos para entidades sem fins lucrativos? Quando:
a) Há suspeitas – aparentam irregularidades, não são visíveis, porém, já foram mencionadas pela imprensa.

b) O cadastramento encontra-se incompleto nos registros dos ministérios.

c) Encontra-se com pendências como: esclarecimentos, prestação de contas, inadimplentes junto a outros órgãos governamentais.

O primeiro passo de qualquer indício será a abertura de uma investigação, denominada apuração preliminar e, caso confirme-se a inocência, o processo é arquivado.

Ronaldo Bianchi

Há dois fatores que se confundem no meio organizacional: risco e oportunidade. Já ouvimos falar diversas vezes que onde há risco, há oportunidade. Até chegamos a acreditar que quanto maior o risco, maior será a probabilidade de ganhos.

Parto do princípio de que essas considerações sejam precipitadas e descuidadas de cautela. Quando as margens de lucro das organizações se retraem das áreas produtivas (geração de fogões, carne processada) ou comerciais (atacado ou sede varejista), suas áreas financeiras iniciam uma conversão operacional sobre a estratégia da empresa. Passam a “vender” a idéia à diretoria e conselheiros, de que a saída para a crise seria aplicar no mercado futuro (dólar, euro, commodities), as reservas financeiras, a sobra de caixa e até mesmo a capacidade de endividamento para realizar essas operações. A probabilidade de essas operações acabarem mal é maior do que a de terminarem bem.

Sou a favor da posição conservadora: a gestão de resultados deve ser foco organizacional. Se a organização encontra-se com suas margens operacionais comprometidas, há evidência de descuido da direção. Transformar os fundos, reservas e capacidade de endividamento em um objeto de apostas, indica e reforça a inconsistência da efetividade dos gestores. O estudo das causas da geração de maus resultados deveria preceder qualquer outra alternativa. Quem sabe, realmente, o que se passa nas entranhas da empresa?

O que ocasionou a drenagem de rendimento? Em primeiro lugar, qualquer que seja a dimensão da empresa, cabe uma avaliação constante (mensal) de seu desempenho, no sentido de alertar possíveis falhas do reconhecimento de uma crise latente ou um cenário futuro adverso. A avaliação dos controles internos que determina a saúde das finanças empresariais seria o primeiro ponto a ser estudado. Todos os recebíveis estão dentro da média da empresa? A cessão de crédito a clientes está obedecendo as regras estabelecidas? A reserva de contingência está no nível estipulado? Está aplicada em propostas seguras (CDB, Tesouro Nacional)? Como estão os níveis de estoque iniciais, intermediários e finais dos produtos dentro da linha de produção? Estão em equilíbrio proporcional ao giro de vendas?

Se não bastassem essas questões, cabe aos responsáveis executivos definirem o ponto de alavancagem financeira, que define-se como aquele que a geração positiva de caixa e/ou reduz os seus riscos. A cobertura de caixa define-se como o produto da divisão, tendo como numerador, a sobra gerada de caixa sobre a somatória do principal de uma dívida agregados os juros correspondentes.

Dessa forma, a alavancagem máxima define-se como a composição entre capital próprio e de terceiros que maximiza o valor da organização no limite, daquele ponto acima, o custo de capital não retorna ao acionista ou para o pagamento do débito ao credor.

Como evitar esses riscos financeiros? Por meio do mapeamento dos processos e a sua constante auditagem. Abordaremos outros riscos e como evitá-los no próximo artigo.

Ronaldo Bianchi