Sobram dificuldades para superar nosso miserável destino e algum dia sermos uma potência. Nosso sonho de um dia ser potência adiado diariamente, quando deixamos vencer os maus exemplos dos que nos governam. Nosso governo adia o crescimento quando aumentam tributos e arrecadação para gastar em custeio. Os cofres públicos foram recheados com um crescimento real de 65% entre 2004 a 2011, descontada inflação.

Quanto aumentou o nossa capacidade de investimento? Zero. Todo o excesso foi dirigido para o custeio. Nasci e vivo em São Paulo há 58 anos. Vi uma cidade explodir em crescimento desordenado dentro fora da ditadura. A população brasileira é predominantemente urbana, ultrapassamos a barreira dos 80%. A caraterística mais difundida do povo brasileiro é sua “amabilidade”. Discordo, somos um povo violento. Morrem 100 mil brasileiros por ano vítimas de violência dos mais diversos fatores. Matamos anualmente mais do que a guerra do Vietnam matou em 10 anos. Somos desorganizados, subletrados, mal educados. A tragédia é que a maioria nem tem consciência desta miséria. Somos um povo inconsciente da sua fragilidade. Nossa elite econômica, política e social, com honrosas exceções estão preocupadas em:

1) Aumentar seu patrimônio privatizando o bem público. Legal e ilegalmente.

2) Iludir o fisco ao máximo, pois e considera extorquida pelo governo. Uma verdade.

3) Proteger-se da violência urbana com blindagem de automóvel e condomínios.

4) Ficar numa “boa” com os dirigentes da vez. Na condição de “rei morto, rei posto”.

5) Desviar fortunas para o exterior legal ou ilegalmente, ao invés de investir em nosso país. Até mesmo doar parte de seu patrimônio às causas redentoras.

6) Não criticar nossos governantes seja do prefeito a presidente. Do executivo ao judiciário. Aqui a proposta é: enquanto estiver a favor bico calado, se empatar idem. Se estiver perdendo arranjam um jeito, calado, de se virar. Aqui, morremos quietos.

Enquanto não nos olharmos no espelho e enfrentarmos o monstro que está em nós, seremos sempre uma promessa. Uma trágica realidade. Tem jeito. Pode ser. Como?

Aprendendo com:

1) Os alemães a poupar, educar, recompensar os valorosos, trabalhar pelo bem coletivo.

2) Os coreanos que educação é investimento e não um custo.

3) Os Americanos que a liberdade de expressão e a crítica são valores sociais inalienáveis.

4) Os chilenos que há muito vida fora do setor público.

5) Escandinavos que dinheiro público deve ser respeitado ao extremo. Aprender que corrupção deve ser combatida com severidade.

6) Os canadenses em receber capitais internacionais desde que venham para engrandecer o país e não especular em suas fragilidades.

Vejo o povo brasileiro: sem liderança que os redima. Impotente frente: aos estelionatários políticos, corruptos que se instalam na área pública e consorciados com seus pares privados destroem o seu futuro, dos diversos agentes que o distanciam do que seja uma vida digna, dos que o impede a alcançar oportunidades igualitárias. Não há eleição que resolva. Só educação e transmissão de valores de cidadania.

Ronaldo Bianchi

Decidi comentar alguns assuntos, temas e pessoas que me perturbam. Vamos a eles;
Os ministros da Fazenda entre Delfin Neto e FHC, como Maílson da Nóbrega e outros ex-ministros e ex- presidentes do Banco Central do Brasil continuam dando opiniões e sacudindo a mídia. Quando titulares de seus cargos públicos não deram conta do serviço. Não estabilizaram a moeda. Legaram uma devastação de problemas para o país.

Foram aniquiladores de empregos, afugentaram capitais, alocaram muito mal os recursos públicos. Idealizaram planos mirabólicos, sem pé nem cabeça, sempre no sentindo de retardar os efeitos deletérios de uma economia agonizante. Todos os planos econômicos antes do Plano Real prejudicaram a economia popular e das empresas. Sempre lesaram o privado para beneficiar o público. Muitos ainda têm um espaço privilegiado na mídia nacional. São colunista, articulistas ou entrevistados. Apresentam soluções, cenários, previsão como especialistas. Homens de sucesso. Primam pela “objetividade” não exercida por eles mesmos no passado. Por que dão a eles espaços, púlpitos e colunas? Mereceriam o ostracismo. Não os leio. Prefiro os casos de sucesso ou aqueles que revisaram suas posições.

Fizeram autocríticas, ou simplesmente deram certo como Pedro Malan. Hoje resolvi ler o Maílson na Veja. Confirmei meu temor. Continua “lento”. Ele acredita que a indústria não é tão relevante, no mundo econômico contemporâneo. Vale muito mais no seu (dele) maravilhoso mundo novo a área de serviços. O prezado continua raciocinando raso e ainda incoerente. No seu próprio artigo revela que a robótica é essencial para esta nova economia. Ele esquece que softer e hardware andam de mãos dadas. Portanto, não haverá serviços de qualidade, com maior valor agregado, sem a existência simultânea de uma indústria de alta tecnologia. Para piorar, aponta como justificativa a sua “tese”, quanto maior a área de serviços melhor o desempenho econômico do país.

A boa proporcionalidade penderia a favor da área dos serviços quando cotejados indústria e serviços. Pinça como exemplo a economia americana e a compara com a nossa. Não revela que somos diferentes, menores e os americanos caminham para o desastre. Desdenha exemplos como a China o maior celeiro industrial do mundo, a Alemanha, Coréia, Rússia e Japão. Países onde a indústria é protegida e de ponta. A editoria da Veja poderia dar espaço a quem entende como Afonso Celso Pastore, Delfin Neto (Folha e Carta Capital), aos irmãos Luís Carlos e José Roberto Mendonça (Folha e Estadão) ou Pedro Malan (Estadão, quinzenalmente). A revista Veja é muito importante para o país. Poderia prescindir do “tá lento” atual.

A Argentina é outra incógnita. Pais rico com governo chinfrim. Como podem eleger uma presidente que resolve controlar a finanças pessoais de gastos com celular e cartão de crédito. Amordaça a oposição, afugenta investidores, empresários, desrespeita acordos internacionais, controla as transações pessoais de dólar, manipula os indicadores da inflação? Assim vai. Balança, bem pouco, frente a tantos desencontros. Os argentinos saiam às ruas por muito menos. O que aconteceu? Desistiram da resistência? Entregaram suas almas à mediocridade?

Chaves e Fidel, como há quem acredite nas estultices desta dupla demagógica do pior populismo latino americano. Fazem loas ao que dizem, ecoam seus pensamentos rasos como suas visões amanhecidas. São difusores de ações virulentas de vingança, perseguição e aniquilamento dos opositores. Unem-se à clandestinidade de forças ilegais como FARCS na Colômbia. Não combatem o narcotráfico latino americano. Nunca apresentaram resultados por si. Vivem do que parecem ser e nunca serão: governantes que elevaram seu povo ao desenvolvimento econômico e social, com liberdade expressão e oportunidade de escolha.

Ronaldo Bianchi

A criação do MERCOSUL nos anos 80 foi uma promessa de integração não concretizada. Ainda é um programa claudicante. A Argentina devido a sua instabilidade permanente na condução econômica desrespeita tratados os acordos. Cria constrangimentos constantes aos exportadores brasileiros. Leva-os a prejuízos frequentes. Exigem das empresas brasileiras certificados estapafúrdios e não acordados. Sua única intenção é adiar as entregas importadas, proporcionando teóricos ganhos à indústria local. Agora em manobra política incorporou-se a Venezuela. Quais os motivos estratégicos que levaram aos membros incorporar Venezuela? Não há clareza propositiva.

A incorporação venezuelana foi resultante de uma imposição política e não econômica. Ilegal. A integração é um processo lento, exige sintonia de elementos para uma evolução constante. É empobrecedor ao conjunto se algum dos membros for alijado do processo decisório. É frustrante se o conjunto acreditar que a composição do governo de determinado país não representa os interesses locais e regionais. É retrocesso caso a maioria suspender um dos membros para incluir um novo. Vimos isto acontecer. Portanto, não haverá integração se prevalecer o político ao legal. Os contratos devem ser respeitados. O amparo legal legitima o direito de cada um e a harmonia do todo. Isto não vem acontecendo. Os exemplos estão presentes e é inúmero o desrespeito à legalidade.

O MERCOSUL é um projeto fadado ao fracasso do ponto de vista econômico em médio prazo, caso prevaleça o imediatismo das partes em prejuízo do todo. A entrada da Venezuela não é um mal, mas foi intolerável o desrespeitoso com o Paraguai. Resta agora reparar a condução. Será possível o Senado paraguaio aprovar a entrada Venezuela? Caso não aprove, o MERCUSUL criou um impasse institucional, A Venezuela é uma economia importante e não podemos deixá-la ao lado. Porém não poderíamos estabelecer o vale tudo como ocorreu. O Paraguai sabe que não terá sobrevivência confortável fora do MERCOSUL. Desejamos quebrar a independência política do Paraguai mais uma vez? Por outro lado creio que o MERCOSUL não poderá ser reconhecido como mais uma esfera de influência de um governo bizarro como o de Hugo Chaves. Nele prepondera a demagogia. A economia venezuelana está aos farrapos. Não há como acreditar que cumprirá acordos.

Será mais um membro espelhado ao exemplo argentino. Quando algum interesse próprio é inconveniente, joga-se para o desacordo. Desrespeita-se a legalidade. Dentro desta instabilidade, melhor incorporar o projeto andino.

O projeto UNASUL liderado por Chaves poderia ser incorporado ao MERCOSUL, assim teríamos ao menos uma representativa composição da América sulina. Seria a união dos blocos andinos com os pampas e o Brasil. Uma reunião de biomas econômicos e políticos com uma agenda mais abrangente, sujeita fortes oscilações. Porém seria melhor o processo de entrosamento dentro deste quase ingovernável matiz de interesses. Ficariam claras as divergências, portanto os caminhos a seguir ou a interromper. A discussão é melhor do que a ignorância ou o desprezo das relações. Problemas como: uso das águas, agricultura, indústria, comércio, serviços, energia, estradas, portos, aduaneiros, impostos, contrabando, drogas e, portanto crime organizado. Renuiríamos todos os elementos para expor, debater e corrigir as distorções da realidade latina americana. Despareceriam os véus da hipocrisia usados por países, como a Bolívia, que tratam com impunidade ou até valorizam o roubo de carga, automóveis e tráfico de drogas.

Quem pagará para ver uma América Latina mais limpa da hipocrisia e melhor preparada para o progresso e mais Independente dos irmãos do Norte?

Ronaldo Bianchi