A criação do MERCOSUL nos anos 80 foi uma promessa de integração não concretizada. Ainda é um programa claudicante. A Argentina devido a sua instabilidade permanente na condução econômica desrespeita tratados os acordos. Cria constrangimentos constantes aos exportadores brasileiros. Leva-os a prejuízos frequentes. Exigem das empresas brasileiras certificados estapafúrdios e não acordados. Sua única intenção é adiar as entregas importadas, proporcionando teóricos ganhos à indústria local. Agora em manobra política incorporou-se a Venezuela. Quais os motivos estratégicos que levaram aos membros incorporar Venezuela? Não há clareza propositiva.

A incorporação venezuelana foi resultante de uma imposição política e não econômica. Ilegal. A integração é um processo lento, exige sintonia de elementos para uma evolução constante. É empobrecedor ao conjunto se algum dos membros for alijado do processo decisório. É frustrante se o conjunto acreditar que a composição do governo de determinado país não representa os interesses locais e regionais. É retrocesso caso a maioria suspender um dos membros para incluir um novo. Vimos isto acontecer. Portanto, não haverá integração se prevalecer o político ao legal. Os contratos devem ser respeitados. O amparo legal legitima o direito de cada um e a harmonia do todo. Isto não vem acontecendo. Os exemplos estão presentes e é inúmero o desrespeito à legalidade.

O MERCOSUL é um projeto fadado ao fracasso do ponto de vista econômico em médio prazo, caso prevaleça o imediatismo das partes em prejuízo do todo. A entrada da Venezuela não é um mal, mas foi intolerável o desrespeitoso com o Paraguai. Resta agora reparar a condução. Será possível o Senado paraguaio aprovar a entrada Venezuela? Caso não aprove, o MERCUSUL criou um impasse institucional, A Venezuela é uma economia importante e não podemos deixá-la ao lado. Porém não poderíamos estabelecer o vale tudo como ocorreu. O Paraguai sabe que não terá sobrevivência confortável fora do MERCOSUL. Desejamos quebrar a independência política do Paraguai mais uma vez? Por outro lado creio que o MERCOSUL não poderá ser reconhecido como mais uma esfera de influência de um governo bizarro como o de Hugo Chaves. Nele prepondera a demagogia. A economia venezuelana está aos farrapos. Não há como acreditar que cumprirá acordos.

Será mais um membro espelhado ao exemplo argentino. Quando algum interesse próprio é inconveniente, joga-se para o desacordo. Desrespeita-se a legalidade. Dentro desta instabilidade, melhor incorporar o projeto andino.

O projeto UNASUL liderado por Chaves poderia ser incorporado ao MERCOSUL, assim teríamos ao menos uma representativa composição da América sulina. Seria a união dos blocos andinos com os pampas e o Brasil. Uma reunião de biomas econômicos e políticos com uma agenda mais abrangente, sujeita fortes oscilações. Porém seria melhor o processo de entrosamento dentro deste quase ingovernável matiz de interesses. Ficariam claras as divergências, portanto os caminhos a seguir ou a interromper. A discussão é melhor do que a ignorância ou o desprezo das relações. Problemas como: uso das águas, agricultura, indústria, comércio, serviços, energia, estradas, portos, aduaneiros, impostos, contrabando, drogas e, portanto crime organizado. Renuiríamos todos os elementos para expor, debater e corrigir as distorções da realidade latina americana. Despareceriam os véus da hipocrisia usados por países, como a Bolívia, que tratam com impunidade ou até valorizam o roubo de carga, automóveis e tráfico de drogas.

Quem pagará para ver uma América Latina mais limpa da hipocrisia e melhor preparada para o progresso e mais Independente dos irmãos do Norte?

Ronaldo Bianchi

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