A urbanização da região carregou para o centro da discussão o estilo de convivência das suas populações. Como construir um modelo de exploração do solo urbana dada à dinâmica de desenvolvimento? Fatores políticos sobrepuseram aos técnicos. A concentração abruta das populações não foi acompanhada pela presença da autoridade pública, dos equipamentos de segurança necessários ao novo ambiente. A precarização do sistema de transporte de massa associado à marginalização das construções habitacional delineia um quadro dramático da nossa realidade. Como solucionar problemas de transporte urbano e segurança pública?

Bogotá deu algumas pistas ao criar acessibilidade aos contingentes populacionais moradores em escarpa, por meio de teleféricos. A ligação do alto ao baixo e vice versa facilitou a vida de famílias e impugnou a ação dos marginais cobradores de pedágio nas saídas das favelas. A instalação de sinalização no chão das esquinas onde a ocorrência de acidentes era de elevada gradação, propiciou sua a redução significativamente.

Fortaleza reduziu a criminalidade em bairros populares criando arbitragem de conflitos. De modo simples os anciões foram conclamados a apaziguar desavenças entre familiares, e grupos de moradores. Os processos de solução passaram da peixeira ou da bala à palavra conciliadora.

Diadema reduziu a violência local criando o horário limite aos botecos. Nenhum em funcionamento depois das 21h. Uma alternativa a lei seca. Foram soluções caseiras que reduziram em 60% os índices de violência nestas regiões pobres e mal atendidas pelo poder público. A solução definitiva será atingida quando: Houver investimento em segurança na sua forma preventiva, repressiva e constante. A intolerância aos pequenos sinais e práticas delituosas. NY decretou o fim da marginalização urbana ao criar um conjunto de ações. Partiram para instalar ônibus delegacia nas principais esquinas do crime. A posse de drogas, a violência das gangues foi combatida no núcleo dos acontecimentos. Do interrogatório, fichamento, julgamento preliminar e a prisão dos meliantes ocorriam em horas.

Quais medidas a tomar visando a melhoria deste ambiente?

Os bairros populares e as cidades circunvizinhas às metrópoles deixarem de serem exclusivamente dormitórios. A criação atividades econômicas locais trarão dois benefícios imediatos: economia não aumento e manutenção do transporte público e aumento de renda a população. O modelo americano do subúrbio dormitório é impraticável na AL. Não temos a afluência dos americanos e sua máquina de consumo.

1) O adensamento populacional nos centros urbanos transformarão as cidades e o perfil regional. Por anos os centros foram abandonados motivados pela especulação imobiliária. É a hora do retorno. Somar habitação e comércio agrega-se redução de transporte e aumento de renda.

2) Transportar milhões de pessoas diariamente é uma insanidade, Como não há solução de curto prazo, nos resta construir todos os modelos possíveis de transporte: das vias exclusivas de bicicletas, motocicletas, monotrilhos e metrô. As piores opções serão as dedicadas ao transporte automobilístico.

3) Aplicar todas as medidas para criar verde nas ruas e praças e prédios inteligentes com monitoramento e economia energética.

As pessoas precisam: “respirar” mudanças, diminuir custos e aumentar renda. Cabe a todas as esferas de governo contribuir para que isto aconteça.

Ronaldo Bianchi

O que entendemos por infraestrutura? Quais seriam os padrões comparativos para nos espelhar e desenvolver? Quais seriam os motivos do nosso atraso em infraestrutura?
Entendemos infraestrutura pela ótica do urbanismo, da locomoção/ logística e da segurança.
Neste texto abordaremos o tema Urbanismo.

O rápido crescimento da massa populacional por falta de controle da natalidade e urbanização são fenômenos mundiais. Prevaleceram com maior expressividade em regiões onde:

1) Existiram baixos índices educacionais.
2) Lugares onde não ocorreram guerras de extermínio em massa.
3) A mecanização agrícola associada ao avanço tecnológico propiciou a desmobilização de importantes contingentes populacionais.
4) A ação governamental foi negligente, corrupta e evasiva.

Todos estes fatores formam motivos relevantes para a reconfiguração geográfica e demográfica latina americana. O planejamento urbano latino americano passa ser caótico, por mais esforços despendidos para sua racionalização. A oferta não atendeu a demanda na velocidade e qualidade exigidas. As cidades como São Paulo e Cidade do México são os exemplos mais explodidos deste fenômeno. Cresceram no século passado a taxas de 5 a 10%, ao ano, em determinados períodos. As oportunidades de trabalho nas capitais associado aos fenômenos indicados causaram distorções relevantes nas suas estruturas. São ainda atuais as carências por: água tratada, sistemas de coleta e tratamento dos esgotos, hospitais, escolas, creches, arruamento, transporte público, equipamentos sócios culturais e lazer. Também estão presentes as ocupações ilegais e atabalhoadas de áreas públicas e mananciais. Para arrematar ao cenário devastador, o loteamento de terras privadas sem a qualquer correspondência com o bem estar público.

Caberá ao setor público a responsabilidade da correção destas distorções. A mão do estado deve estar presente para: gerar recursos e contratar serviços e obras para a gradativa reparação destas distorções. Portanto há uma imensa oportunidade para todos nesta operação resgate da dignidade habitacional, saúde, educação e transporte. O fato relevante será descobrir mecanismos que possam ser contratados ou eleitos para que ao mesmo tempo sejam: velozes, baratos e eliminem as distorções.

Quais seriam as formas?
1) Conhecer todas as experiências mundiais atuais e passadas vencedoras ou não. Por que as não implantadas? A atualidade pode ter mudado seus fatores de implantação. Agora poderão ser eficazes e economicamente factíveis.
2) Acordos intragovernamentais para a troca de custos de implantação, conhecimento de sistemas de superação ou mitigação de problemas.
3) Criação de fundos de investimentos multilaterais para a contratação de obras e serviços para a correção dos mais importantes problemas dos grandes centros.
4) Criar centros de trabalho para cooperação latino americana.

Ronaldo Bianchi

O arco de união entre Brasil e México, abordado no artigo anterior, despertaria um novo olhar para uma antiga proposta: pan-americanismo. A união de propósitos conduz a formação de um bloco latino, onde não há rejeições a nenhum país, mesmo nos quais a democracia é um objetivo e não uma realidade.

Quais seriam os pontos de união de propósitos? Quais os assuntos a serem abordados com primazia? A nossa (partir de agora o termo “nossa” refiro-me a América Latina) realidade apresenta temas comuns a serem superados. São os eleitos: educação, infraestrutura, meio ambiente, “indústrias” (mineração, agrícola, fábricas, comércio e serviços). Proponho perguntas, não ofereço respostas, mas o núcleo da formulação induz o caminho das respostas e a solução para sua ineficácia e ineficiência.

Educação:
Chile ou Cuba, qual é o melhor exemplo a seguir? Quais os parâmetros a serem seguidos por todos a partir do exame destes ou outros países? O percentual do PIB dedicado ao assunto? A legislação da obrigatoriedade a ir à escola? Os salários dos professores faz realmente muita diferença? ? A formação de seus mestres precisaria ser universitária? Qual o papel da participação familiar no processo de alfabetização?

Quais os incentivos dos países para a presença escolar? Quais as práticas pedagógicas “vencedoras” a serem empregadas nas salas de aula? Tempo integral ou parcial qual o melhor para cada estágio? Por que não há um consenso pan-americano para alcançar o sucesso? As legislações poderiam ser uniformizadas? Poderíamos formar profissionais com livre trânsito na região, ou seja, médicos formados na Bolívia poderiam praticar sua profissão na Venezuela, bastando demonstrar os documentos de formação? Quais os custos per capta para cada nível educacional? Quais são as discrepâncias mais relevantes? Precisamos dar ênfase na formação técnica ou universitária? Quais categorias profissionais deveriam ser incentivadas? Quais ficariam por conta da rede pública e quais para a rede privada? Qual o papel do poder público: indutivo, monopolista, incentivador, controlador?

O Estado deve ser preponderante em algum estágio de formação? Quais os fatores comuns de fracassos a serem evitados por todos? Como parametrizar os custos quanto à construção ou reforma dos prédios escolares? Quais as plantas prediais que poderiam ser padronizáveis levando-se em consideração o meio ambiente local? Quais os itens de construção poderiam estar a cargo de um conjunto de países em pontos estratégicos, aumentando a eficiência sistêmica geral? Quais itens deveriam ser desonerados integralmente de impostos? Quais poderiam ter livre circulação, sem a inibição alfandegária? Como incentivar a empresas criarem consórcios pan-americanos para o fornecimento de: serviços de arquitetura, construção, material didático, treinamento de professores, assessorias de todas as formas? Como criar fundos regionais para bolsas de estudo para alunos e mestres?

Quais seriam os elementos de controle a serem criados para: avaliação do aprendizado, custos operacionais, custos de implantação? Não seria mais isento a avaliação de um sistema escolar ser avaliada por pessoas de outros países, do que seus conterrâneos? As concorrências para o fornecimento de bens, produtos e serviços, poderiam ser balizados com custos padrões avalizados por organismos internacionais, regionais ou pan-americanos? Quais os indicadores pan-americanos a serem estabelecidos e perseguidos? Nos próximos artigos abordaremos sucessivamente cada um dos temas eleitos, contribuindo para reflexão estratégica da nossa região.

Ronaldo Bianchi

Nas últimas semanas a América Latina moveu-se. A eleição de um conservador no México, a queda Fernando Lugo e a demonização do novo governo paraguaio, a entrada da Venezuela no MERCOSUL. O governo brasileiro mostrou-se contráriado ao desmonte paraguaio, partiu para retaliação. Forçou a entrada da Venezuela no MERCOSUL, quando o Paraguai estava suspenso na organização. Dois importantes diplomatas brasileiros apontaram vício nesta atitude. Rubens Barbosa de Sousa e Celso Lafer. Didaticamente exploraram a tese da nulidade futura desta atitude. O Congresso paraguaio há tempos impede a entrada da Venezuela no acordo, tem este direito. A subscrição de um novo signatário deve ser aprovada por seu Congresso. Caso contrário ele não será aceito. O governo brasileiro mesmo ciente do fato impôs ao Uruguai à entrada da Venezuela. O que acontecerá quando a suspensão acabar? O Paraguai já está agindo. Está a um passo do rompimento diplomático com a Venezuela.

O presidente venezuelano tramou um golpe contra as instituições paraguaias a sua maneira, uma quartelada. Foi flagrado agindo no bastidor militar paraguaio. Fracassou. O Congresso agiu com a brevidade dos inteligentes e legalistas. O Brasil passou a vilão pelas mãos de Chaves. Capitaneou a retaliação. Puniu o Paraguai movendo duas ações simultâneas: a suspensão daquele país e a entrada dos venezuelanos no MERCOSUL. Foi uma ação dissonante das conquistas recentes da nossa diplomacia. Conseguimos nos afastar do regime iraniano e de seu esquisito presidente. Uma recaída a favor do populismo bolivariano. Só o tempo acalmará nossas relações com o Paraguai e os próximos passos do seu novo governo.

O México é país a beira de uma guerra civil. Milhares de mortos narcotraficantes podem estar enterrados nas suas covas, mas seus espíritos rodam o país. O seu governo central está enfraquecido, perdendo espaço político e futuramente físico do país. Há regiões mais ou menos afetadas, mas nenhuma isenta desta sina. Regiões das cidades do Rio e São Paulo sofrem do mesmo mal. Como combater esta situação? Com mais governo. Geração de riqueza por meio de investimentos em infraestrutura e nas forças armadas para o combate aos narcotraficantes. A dispersão tomará mais força quando países como Bolívia e Venezuela pararem dar abrigo ao crime organizado. Quando a Colômbia liquidar com as forças da FARCS. Quando o governo brasileiro perceber que:

1) Está atrasado no combate ao tráfico e ao contrabando. Os recursos destinados não suficientes à inteligência da polícia civil e militar, nas fronteiras e nas periferias das cidades para um combate severo e terminativo. Estamos em guerra e agimos como a complacência dos ingênuos.

2) Os “aliados” bolivarianos são nossos inimigos. Transitam no limiar da criminalidade institucional. Não será por este caminho nossa redenção e desenvolvimento.

3) Está incompetente para gerir seus investimentos internos no geral e na nossa infraestrutura em particular. Desta forma, adia novos empregos renda e por consequência mais desenvolvimento.

Brasil e México são os maiores países da América Latina. Devem rapidamente agir conjuntamente para mitigar as ações do crime organizado. Não há muito tempo.

Ronaldo Bianchi

Os recentes acontecimentos do Paraguai, refletem a incapacidade do deposto ( legalmente) presidente Fernando Lugo em solucionar problemas estruturais e funcionais de seu país. Nada, além disto. O descontentamento é externo, originário dos aliados comprometidos com o populismo latino americano. A votação de impedimento foi legítima. Votaram deputados e senadores. O resultado contra Lugo acachapante nas duas casas foram 121 votos a favor e cinco contra. Não houve movimentação popular para a sua manutenção ou desaprovação do parlamento. A chiadeira partiu de fora, dos aliados de Lugo: Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador. São seus respectivos presidentes: Dilma, Chaves, Cristina, Morales e Correa. Deles a nossa presidente é única que não está em processo sucessório iminente ou crise econômica à porta ( Argentina). Os outros fazem parte do modelo bolivariano, cuja proposta é perpetuar-se no poder de seus países a qualquer custo. Representam o neo populista com características de esquerdismo primitivo. A ação do Congresso paraguaio foi acertada por vários aspectos:

1) O país enfrenta uma situação inusitada. O empresariado brasileiro instalado é composto de agricultores, são cerca de quatrocentos mil. São denominados de brasiguaios. Fazem parte constituída do cenário econômico. Sofrem discriminação empresarial. Explico. Compraram legalmente terras que agora estão em fase de regularização. Demandantes locais como movimento sem terra e outros agricultores locais tem sistematicamente invadido as propriedades e vandalizando suas instalações e equipamentos. O poder judiciário tem dado ganho de causa aos legítimos compradores, ou seja, aos brasiguaios. Com Lugo no poder as ações eram retardas indefinidamente. Esperamos agora com o novo governo haja uma aceleração nas reintegrações e do registro de posse das terras compradas em boa fé. A regularização proporcionará garantias reais para empréstimos necessários a atuação empresarial. Será um diferencial importante e promissor para economia. Neste plano a mudança de governo é um alento.

2) Há motivos históricos para um processo acelerado do impedimento. O país é frágil frente aos países fronteiriços. A história os ensinou a agir com rapidez. Desta feita legal e legítima. No século 19 a Tríplice Aliança, reunia Brasil Uruguai e Argentina dizimaram a indústria e a demografia do país. Cometeram atrocidades a serviços dos interesses ingleses. A florescente industrialização têxtil do país incomodava os britânicos. Viram à oportunidade de eliminar a concorrência pelas mãos de seus vizinhos. O custo foi alto moral e econômico. As tropas da aliança mataram os prisioneiros e na invadiram cidades assassinando os meninos paraguaios. Ocorreu um genocídio ainda não reconhecido pelos membros daquela aliança. A indústria têxtil e de transformação foram destroçadas. Nos dias atuais a aliança que protegia Lugo (incompetente reconhecido) era maior e mais preparada para uma intervenção internacional. Lugo pleiteou uma lei que os membros do UNASUL ( leia-se os bolivarianos) poderiam intervir no país em caso de ruptura institucional. Coube ao Congresso proceder de forma célere o processo, depondo Lugo. A Suprema Corte endossou o Congresso, portanto não há como negar validade do ato.

Aguardemos o apoio justo do novo governo aos empresários e agricultores brasileiros.

Ronaldo Bianchi