Nas últimas semanas a América Latina moveu-se. A eleição de um conservador no México, a queda Fernando Lugo e a demonização do novo governo paraguaio, a entrada da Venezuela no MERCOSUL. O governo brasileiro mostrou-se contráriado ao desmonte paraguaio, partiu para retaliação. Forçou a entrada da Venezuela no MERCOSUL, quando o Paraguai estava suspenso na organização. Dois importantes diplomatas brasileiros apontaram vício nesta atitude. Rubens Barbosa de Sousa e Celso Lafer. Didaticamente exploraram a tese da nulidade futura desta atitude. O Congresso paraguaio há tempos impede a entrada da Venezuela no acordo, tem este direito. A subscrição de um novo signatário deve ser aprovada por seu Congresso. Caso contrário ele não será aceito. O governo brasileiro mesmo ciente do fato impôs ao Uruguai à entrada da Venezuela. O que acontecerá quando a suspensão acabar? O Paraguai já está agindo. Está a um passo do rompimento diplomático com a Venezuela.
O presidente venezuelano tramou um golpe contra as instituições paraguaias a sua maneira, uma quartelada. Foi flagrado agindo no bastidor militar paraguaio. Fracassou. O Congresso agiu com a brevidade dos inteligentes e legalistas. O Brasil passou a vilão pelas mãos de Chaves. Capitaneou a retaliação. Puniu o Paraguai movendo duas ações simultâneas: a suspensão daquele país e a entrada dos venezuelanos no MERCOSUL. Foi uma ação dissonante das conquistas recentes da nossa diplomacia. Conseguimos nos afastar do regime iraniano e de seu esquisito presidente. Uma recaída a favor do populismo bolivariano. Só o tempo acalmará nossas relações com o Paraguai e os próximos passos do seu novo governo.
O México é país a beira de uma guerra civil. Milhares de mortos narcotraficantes podem estar enterrados nas suas covas, mas seus espíritos rodam o país. O seu governo central está enfraquecido, perdendo espaço político e futuramente físico do país. Há regiões mais ou menos afetadas, mas nenhuma isenta desta sina. Regiões das cidades do Rio e São Paulo sofrem do mesmo mal. Como combater esta situação? Com mais governo. Geração de riqueza por meio de investimentos em infraestrutura e nas forças armadas para o combate aos narcotraficantes. A dispersão tomará mais força quando países como Bolívia e Venezuela pararem dar abrigo ao crime organizado. Quando a Colômbia liquidar com as forças da FARCS. Quando o governo brasileiro perceber que:
1) Está atrasado no combate ao tráfico e ao contrabando. Os recursos destinados não suficientes à inteligência da polícia civil e militar, nas fronteiras e nas periferias das cidades para um combate severo e terminativo. Estamos em guerra e agimos como a complacência dos ingênuos.
2) Os “aliados” bolivarianos são nossos inimigos. Transitam no limiar da criminalidade institucional. Não será por este caminho nossa redenção e desenvolvimento.
3) Está incompetente para gerir seus investimentos internos no geral e na nossa infraestrutura em particular. Desta forma, adia novos empregos renda e por consequência mais desenvolvimento.
Brasil e México são os maiores países da América Latina. Devem rapidamente agir conjuntamente para mitigar as ações do crime organizado. Não há muito tempo.
Ronaldo Bianchi
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