COMUNICAÇÃO E POLÍTICA
Participo de campanhas políticas há 37 anos, sempre apoiando posições democráticas. Sou filiado ao PSDB desde 2003, muito tempo depois de decidir com quem me sintonizava politicamente.
A primeira participação ocorreu em 1974. As eleições restringiam-se ao Congresso, Assembléias e Câmaras Municipais, exceto capitais, estâncias e cidades portuárias. Disputava-se uma vaga para o Senado: pela situação – ARENA (Aliança Renovadora Nacional) – o eminente ex-governador Carvalho Pinto e pela oposição – MDB (Movimento Democrático Brasileiro), o ex-prefeito de Campinas, Orestes Quércia. Quércia ganhou, apesar da inexperiência e de ser desconhecido do povo. A população paulista votou contra os militares e não contra o Senador Carvalho Pinto, votou a favor da redemocratização. Em resumo, a causa (redemocratização) ganhou vida entre a população, apesar de as propagandas demonstrarem precariedade, não havia debate, apenas imagens e algumas palavras sobre o número do candidato.
O momento da reversão ocorre na sucessão de Figueiredo, em 1985, quando Tancredo Neves foi eleito presidente por voto indireto, ou seja, votação dos congressistas. Graças à união entre parte das forças políticas conservadoras e a oposição. Rachada a situação, somada a coalizão da oposição, derrubamos a ditadura. Recebemos como presidente, José Sarney, pois Tancredo lamentavelmente faleceu antes de assumir o cargo.
A democracia se concretizou quando Fernando Collor de Mello foi eleito por voto direto, em segundo turno, contra aquele que 13 anos depois se tornaria presidente por oito anos: Lula.
Collor não tinha a expressividade histórica de Mário Covas e Ulisses Guimarães, porém, ganhou de ambos no primeiro turno. Foi amplamente apoiado por setores populares e conservadores. A televisão entrou para a história política brasileira nesse instante. O presidente “esportista” tomou nossas telas durante meses. A televisão foi decisiva na ascensão e queda de Collor. Assume Itamar, cujo mandato muda o Brasil com o Plano Real. Até hoje, não foi devidamente reconhecido como estadista.
Fernando Henrique Cardoso é eleito pelo sucesso do Plano Real, que estabilizou a economia, além de outros méritos de seu governo. Ao final do governo FHC, seu ministro José Serra candidatou-se à presidência. A campanha demonstrou a desunião entre seus pares. Tradicionais adversários dentro do partido, alguns se tornaram inimigos. Serra não debelou oposição à sua candidatura, perdendo para Lula. O mesmo aconteceu com Geraldo Alckmin na eleição de 2006.
Lula, após três tentativas, coligou-se aos conservadores e ganhou. Contou sempre a sua versão, omitindo a importância dos fundamentos econômicos e políticos herdados de FHC. Seu governo foi uma maré de boas notícias, e ao final, com índices incontestáveis, o mito Lula elegeu Dilma. Serra perdeu:
1. Por não ter unido a oposição à sua candidatura.
2. Por não ter contagiado o eleitorado, suficientemente, para vencer o mito.
Portanto, aprendemos com a história:
. A ascensão e a queda de um político estarão sempre ligadas aos seus atos, porém é importante como seus atos serão apresentados ao público. O Plano Real deu certo por ser uma proposta bem articulada e bem comunicada. FHC soube apresentá-lo como ministro. Tornou-se presidente duas vezes.
. A televisão é o veículo mais importante da percepção do público sobre um político e suas atitudes, seja ou não na condição de ocupante de um cargo.
. Conhecer e aplicar técnicas naturais ou apreendidas de comunicação televisiva é o segundo fator diferencial entre o sucesso e o fracasso de um político.
. Não basta ser honesto, é necessário parecer também.
. A desunião partidária gera derrota.
. Mito não perde eleição.
. Traição e intriga são elementos comportamentais incontroláveis do ser humano, sendo prejudicial à saúde política.
Os recentes movimentos oferecem novos posicionamentos interessantes:
1. Gilberto Kassab – é conservador, ensaia uma aliança com o Planalto sem romper com o PSDB.
2. Gabriel Chalita e Paulo Skaf – ensaiam ir para o PMDB, ambos candidatos a prefeito de São Paulo. Chalita tem votos cativos, Skaf é boa novidade.
3. Geraldo Alckmin – precisará realizar um excelente mandato. Caso contrário, não emplacará seu predileto a prefeito de São Paulo e até mesmo sua sucessão.
4. Aécio, Geraldo, Serra entre outros – em algum momento precisarão unir o PSDB nacional para volta ao Planalto e manter o PSDB como importante força política.
Ronaldo Bianchi