A urbanização tem sua origem com o fim da escravidão, no movimento migratório, na modernização da produção agrícola, no acelerado deslocamento do capital rural para os investimentos urbanos ( industrialização e  imobiliários) nas cidades, na reformulação das carreiras públicas, modernização do estado, aumento da taxa de fertilidade populacional, o crescimento da função de serviços e comércio nas cidades. O processo foi acelerado a partir do fim da II Guerra mundial. O Brasil foi o país líder da urbanização no ocidente.

O que gerou está “evolução”?

Pressão para o setor público para resolver três questões fundamentais para o equilíbrio social:

1) Dotar as cidades de infraestrutura de esgoto e água tratada.

2) Suprir com qualidade a demanda por educação, saúde e habitação.

3)  Resolver o problema da má distribuição de renda e oportunidades. O poder público não conseguiu dar conta da demanda. O capital necessário não teria sido suficiente para criar condições adequadas resolver a infraestrutura de saneamento, educação, saúde e habitação, saúde e educação? O que aconteceu?

Na década de 40 o governo criou uma casta de funcionários públicos que ativamente compartilhou o poder no congresso com as oligarquias agrárias, sem resolver as carências.

Na década de 50 agregaram-se ao grupo a oligarquia a industrial emergente. Correndo por fora a oligarquia dos banqueiros privados. Todos juntos e misturados passaram a comandar um efetivo poder econômico brasileiros.

O ufanismo nacional criado pela pressão dos interesses internacionais dirigiu recursos para industrialização via montadoras e simultaneamente para a formação  de uma rede de pista rolante rodoviária, urbana das capitais e nossas principais cidades. Desprezando e sucateando toda a rede ferroviária e como as possibilidades do uso das vias fluviais como alternativas viáveis para o escoamento na produção das fronteiras agrícolas.

Some-se a industrialização via montadoras a meta por “conquistar” o interior do país. Assim, criamos uma cidade. Uma nova Capital. Qual o custo? O aumento do custo da gestão pública. A inclusão da corrupção no centro do poder e o endividamento irreversível do país.

O desdobramento do “ progresso” engendrado pelas oligarquias ampliou a concentração de renda, a  aceleração da destruição do meio ambiente, a deterioração social, o avanço do crime organizado, o fracasso do sistema público de educação, a pauperização do sistema de saúde e a paralisia para resolver os assuntos de infraestrutura urbana de esgoto e saneamento.

De Vargas a Bolsonaro e todos os governadores e prefeitos viraram as costas para o povo brasileiro.

Pior, creio foi a frustação da esperança depositada nos partidos de centro esquerda e esquerda. Preferiram a aliança com as oligarquias e assaltaram por diversas formas o orçamento público. Deram continuidade a má qualidade de políticas que não solucionaram as mazelas sociais do país.

Agora, a direita foi eleita para dar uma resposta aos falsos profetas.  Não há sinal de que o grupo entendeu o resultado das urnas.

O Brasil parece fadado a um permanente giro da roda partidária, onde partidos se alternam e não resolvem o progresso social do país. Sofremos um grave e permanente descaso com a maioria da população.  A descrença pela ordem democrática se amplia como se fosse surgir uma solução redentora. Vivemos a alternativa autoritária em dois momentos:  de 1937 a 1945; de 1964 a 1986. Não resolveram nada. Não parece que a suspensão do sistema democrático possa resolver nossos problemas. Na minha opinião cabe insistir. Hoje os meios de comunicação são mais ágeis e a disseminação da informação poderá premiar a insistência da via democrática com qualidade. Resta alguma esperança.

 

Ronaldo Bianchi