A inflação à brasileira

Nossa inflação pode ser explicada por algumas circunstâncias e não é fruto da providência. Fatores humanos explicam sua elevação e justificam seu aquecimento.
Dólar fora do eixo. A moeda americana está desproporcionalmente fortalecida? Sim, o motivo está na insegurança de comportamento ou previsibilidade das atitudes do governo Bolsonaro. Nosso saldo de balança comercial (diferença entre exportação e importação) poderá ter um superavit de U$ 70 bilhões em 2021. E o dólar não cai. Há uma evasão de recursos financeiros, por desconfiança da liquidez futura do estado brasileiro. O resultado é maior exportação de produtos alimentícios que poderiam estar na mesa dos brasileiros mais baratos. A procura não foi alterada, está faltando oferta de produtos. A produção nacional está sendo beneficiada pela procura externa e o valor do dólar fora do eixo.

Orçamento. O governo Bolsonaro dirigiu seus esforços para a campanha eleitoral e consolidou uma aliança com os setores mais fisiológicos do parlamento. Perdeu o controle do orçamento. Qualquer votação implica em transferência de recursos. Agora estão sob suspeita quanto a qualidade, probidade e conveniência pública. Parece que os arranjos políticos para evitar derrotas no congresso irão comprometer a qualidade do estado cumprir seus débitos no futuro. O que implica na evasão de divisas (saída para o exterior de dinheiro maior que a entrada).

Juros. Na tentativa de reduzir os índices inflacionários, o Banco Central está aumentado o percentual dos juros. A esperança é que haja uma redução de procura. Essa política, aumenta a percepção de inadimplência da dívida. A promessa é esfriar a demanda por bens e serviços.

Déficit público. O déficit está maquiado. A inflação aumentou a ilusoriamente arrecadação. Veremos a verdade em 2022. A percepção de descontrole do aumento da dívida carrega a evasão de divisas.

Oferta de bens e produtos. As redes produtivas mundiais estão desequilibradas. A Covid desestabilizou estoques e fornecimentos. A retomada mundial fez crescer demandas e para o Brasil as consequências visíveis foi o aumento dos combustíveis, a escassez de oferta de alimentos básicos e alguns componentes estratégicos das montadoras.

Diante dos fatos 2022 será difícil. Inflação, crescimento reduzido e desconfiança de liquidez governamental.

A solução será melhorar gestão do orçamento, ampliar oportunidades do investimento privado, conduta serena na condução da saúde. O governo sem juízo, a nação padece.

 

Ronaldo Bianchi