OS IMPASSES BRASILEIROS XVIII

Há um mês o Brasil vive uma turbulência inusitada. As primeiras manifestações das ruas clamaram por redução tarifária. Para mim a “gota d´água”. Os componentes da explosão estão localizados na má gestão das nossas necessidades cotidianas. Estourou a bolha da acomodação, da paciência. Insatisfações foram extravasadas. Fatos assombreados por uma economia de crescimento sonso forma a luz. Índice de emprego para ninguém morrer de fome, mas sem brilho, sem perspectiva.

Empregos industriais indo para o ralo. Aumento de tarifa é um fato evidente. Um bom estopim. Ficou fácil catalisar o incômodo coletivo. Causas, temos aos montes: a educação pública é ruim, o mau atendimento da saúde, transporte público caótico, evidências de corrupção na construção dos equipamentos esportivos desde o Pan Americano no Rio agora estendido na forma e no contexto dos estádios da Copa de 2014, a confirmação pelo Supremo Tribunal Federal da existência do mensalão de Lula, enfraquecimento do poder aquisitivo, a inexistência de uma política habitacional, crescimento desordenado das cidades, aumento dos índices de criminalidade em todas as cidades brasileiras.

A corrupção policial da esfera civil, a inexistência de combate sistemático ao crime organizado: droga, tráfico de armas, roubo de carga, contrabando, falsificações. Some-se a indigente ética do legislativo. O despreparo dos ocupantes dos cargos do poder executivo. As mazelas são uma constante. As notificações de impunidade dos atos de corrupção em todas as esferas públicas, o beneficiamento para empresários amigos. O distanciamento e má comunicação do mundo político conosco, só poderia dar no que deu: descrença institucional. Some-se a isto a péssima direção da presidente Dilma. Não consegue aglutinar seus ministros, a base aliada. Agora rejeitada por suas características de atos truculentos, desautorizando auxiliares e encobrindo maus feitos do seu antecessor e assessores. Todo mundo vê. O pavio foi longo demais. Demorou.

A política da “bolsa tudo” adiou a indignação. Agora acabou. Dilma demonstra incompetência para superar suas fragilidades. Ela herda a sua própria herança maldita. Propõe soluções equivocadas para antigos e permanentes problemas da sociedade. Poucos estão preocupados com constituinte ou modelos políticos. Todos querem melhor atendimento público, melhor ordenamento da economia e melhores condições de vida. Apontei algumas origens, causas e motivos das insatisfações.. Quais seriam os caminhos para a retomada o retorno a ordem?

1) Não aceitarmos a proposta da reformulação do quadro político. O que está por trás é a tentativa de desconversar a má administração da presidente e seus auxiliares. Pior, criar uma reforma para favorecer os atuais donos do poder.

2) Trocar os atuais ministros da área econômica, política e social. Fracassaram.

3) Propor um decálogo de melhorias e indicadores positivos a serem alcançadas nos próximos 12 meses.

4) Criar uma comunicação eficaz com o Congresso evitando o toma lá da cá. Estes procedimentos deveriam ser denunciados no ato.

5) Afastar TODOS os ministros, auxiliares, partidos que se locupletam das suas funções públicas para benefícios particulares.

6) A continuidade da pressão da população sobre os poderes executivos e legislativos para o combate a corrupção e a melhoria constante dos índices de qualidade na educação, transporte, saúde, habitação. Organizadamente ou não. O que importa é pressionar incessantemente. Cobrar este e os próximos candidatos e governos.

7) Organizar novas forma de acompanhamento dos políticos e escolher com cautela o próximo Congresso, governadores e trocar a presidente. Chega de improvisação.

Ronaldo Bianchi

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