A partir de 2011, a legislação obrigará o ensino de música em nossas escolas. Muitos acreditam ser uma medida precipitada, pois nem bem ensinamos português e matemática, como vamos empreender mais uma matéria? Aos céticos, aos que duvidam da viabilidade, e aos eternos do contra, temos uma resposta: a música ajudará muito o aprendizado das matérias convencionais.

Desde 2000, o Reino Unido implantou o ensino musical obrigatório nas escolas. Por quê? Chegaram à conclusão de que a música compõe um leque de qualidades para o desenvolvimento dos jovens.
Entre essas qualidades:

. Desperta a criatividade, atuando nos dois hemisférios do cérebro.
. Desenvolve a disciplina. Por meio da prática contínua de um instrumento, o jovem organiza-se no tempo e no espaço.
. Alavanca o patamar da auto-estima para o alto, fator primordial para atingir um estado de alegria e conforto consigo mesmo.
. Desenvolve o senso de interdependência, proporcionando a socialização mais rápida e lúdica de quem a pratica.
. Atua na formação de grupos coesos. Além do reconhecimento do trabalho coletivo que melhora a integração das pessoas.
. Eleva o grau de tolerância entre os diferentes, ou seja, aumenta o respeito à diversidade. Mesmo diferentes, podemos nos gostar e nos respeitar, seja qual for a opção de cada um.
Além dessas qualidades, a música oferece uma quantidade superior de alternativas, se comparada a outras expressões artísticas. Apontamos as seguintes:
– A variedade de tipos de instrumento: cordas, percussão, sopro, eletrônicos e teclado.
– Tecnologias: hoje a computação é amplamente utilizada na composição e execução musical, além da forma convencional de tocar e compor.
– Gêneros: erudito, jazz, hip-hop, pop, samba, tango, MPB, sertanejo, e um sem número de regionais de todas as partes do mundo.

. A música não fala uma língua em particular, é um código de sinais. Do chinês ao grego, basta conhecer as notas, seus sustenidos, o tempo musical. É um processo matemático, o sinal determina a sua execução.
Os resultados desses últimos 10 anos tem sido profícuos, mas há decerto muito a se fazer. O Reino Unido possui 25 mil professores de música que utilizam a internet como meio de difusão de suas experiências, dificuldades e, também, para a sua atualização. Da mesma forma, os alunos da rede escolar. Há problemas? Sim, há uma avaliação do ensino realizado através de uma agência, sob a responsabilidade do Parlamento. Os resultados dos últimos quatro anos apontam para o seguinte: ¼ das escolas superaram o estabelecido, outro ¼ atingiu a meta, ou seja, 50% das escolas chegaram lá, os outros 50% estão a caminho. Essa, talvez, seja a nossa diferença, querer tudo agora e “já”.

Nossos recursos escassos não deveriam ser encarados como empecilhos, mas simplesmente como o que eles são: obstáculos a serem superados. O Reino Unido possui universidades com 700 anos, mas ainda tem dificuldades para formar bons professores. Em vez de se penalizarem, enxergam como uma grande oportunidade a ser conquistada.

O Reino Unido, assim como toda a Europa, está sob forte onda migratória proveniente do leste europeu, da Ásia, da América Latina e da África. São continentes que despejam no velho continente ocidental, milhares de imigrantes com a esperança de melhorar de vida. Surgem, portanto, necessidades extraordinárias de investimento nas áreas de educação, saúde e habitação. Além disso, a própria decadência industrial e a ascendência da economia de serviços tem legado a cada país, contingentes de pessoas que não conseguem desenvolver novas habilidades para o seu exercício. Esse contingente de pessoas ocupa as periferias das cidades como nômades sociais. Pior, viciaram-se em álcool ou outras drogas na esperança de encontrar alívio para seu desespero cotidiano.

O que vemos hoje no Brasil? Será que nossa taxa de alcoolismo é muito inferior ao 1/4 da população adulta inglesa ou nossas crianças superam o 1/5 das crianças escocesas que não conhecem seus pais? Não afirmo e não desminto. Tenho algumas certezas quanto ao ensino musical nas escolas brasileiras:

. As crianças encontrarão professores dedicados, e muitos a serem treinados.
. Um ambiente saudável para seu desenvolvimento intelectual e emocional
. Não haverá falta de recursos humanos e nem de material. Como exemplo da abundância, veja o Programa de Aceleração do Crescimento.
. Nosso país transpira e respira música. Quando implantado, o ensino musical terá uma profusão de incentivos, daremos certo
. Nossa busca será incansável pela excelência do ensino musical e faremos um programa de êxito
. Hoje, temos mais de 50 milhões de jovens entre 5 e 19 anos, distribuídos pelas cinco regiões (norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul) à procura de um bom destino.

Vamos acelerar no sentido de garantir um futuro próspero e seguro à juventude. O ensino musical obrigatório é um dos vetores para essa conquista. Sabemos que será uma luta árdua, mas o esforço físico, material e intelectual dessa empreitada será recompensador.

Ronaldo Bianchi

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