O dirigente público, a cada dia, se vê mais acuado. Basta um erro formal, pronto, configura-se um problema. Pode ser maior ou menor. Não importa, a arena pública exige que o executivo faça somente o legal e expressamente permitido. Inovar, só com a permissão da lei, decreto, resolução, norma. O improviso está reservado aos que gostam de vôos de asa delta. Desafiar a sorte a cada salto. Para este, melhor trabalhar em comunicação não corporativa.

A maior parte do dia-a-dia do dirigente público é cuidar dos colegas descuidados, desatentos ou outros casos. O duro é que, muitas vezes, os personagens sintetizam-se em um único ser, personagem até comum na esfera pública. O dissimulado personagem se revela nos “trocados”, sentem que podem avançar e aceleram. Como a punição é lenta e quase improvável, o personagem ganha:

a) Espaço Político – por ser mentiroso, cria problemas para florescer nas soluções.
b) Poder – sempre sedento, não mede prejuízo moral aos outros e material ao bem público. Moralmente, o chamamos de larápios e psiquicamente de sociopatas. No fundo, o prejuízo é o mesmo, não impor como classificá-los.
c) Prestígio – como ávido escalador, pratica alpinismo público. Cria uma rede de relacionamento poderosa, que inclui políticos, colegas de trabalho de sua entidade e de outra (comparsas do mesmo calibre), empresários e jornalistas. Porém, muita gente honesta cai na conversa dos larápios, porque o personagem nunca diz: Não! Basta! Não faço isto! Comigo não é assim!

Com ele sempre há um “trocado” a oferecer, sempre há um “jeitinho”.

Ao executivo sério, cabe eliminá-lo:
a) do convívio, se colega
b) da organização, se chefe.

Não há como deixar para lá, nem para depois. Pegou, demita ou denuncie. Caso contrário, você prevaricará como zelador do bem público e da moral de sua equipe.
Se você conseguir enquadrar o personagem legalmente, para impedi-lo do exercício da administração pública, ótimo. Porém, eu não tenho visto isso com freqüência e sucesso. Se conseguir colocá-lo para fora, tirando-o de sua circulação. Faça o possível.

Acredito que é necessário a quem manda no país, estabelecer:
1) Um processo de delação premiada;
2) Instalação de Conselhos de Ética em cada entidade pública;
A criação das ouvidorias foi fundamental, porém, insuficiente. Da mesma forma, as unidades de apuração preliminar e processante;
3) Escolher seus assessores com cautela, e com critérios onde:

a) O zelo ao orçamento seja impecável
b) A ficha dos candidatos seja limpa
c) A competência seja reconhecida na administração pública e, se possível, também, na esfera que atuará, porém não necessariamente.
4) Não contratar o personagem “topete e brilhantina”, que só tem forma, mas pouco conteúdo. Topetudo era o Elvis, cantava, dançava e alegrava a muitos, e como ninguém, porém, nunca se propôs a ser o que nunca foi.
5) Haja uma sabatina técnica, prova de proficiência. Não é possível, não é mais cabível preencher os primeiros e segundos escalões por composição política, como primeiro critério.

 Reflitam senhores do poder.

Ronaldo Bianchi

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